Título: Europa é novo alvo da Forjas Taurus
Autor: Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 29/03/2007, Empresas, p. B8

Passado o estresse do referendo de 2005 sobre a venda de armas, concluída a reestruturação operacional destinada a dar maior agilidade nos processos decisórios e depois do desempenho recorde do ano passado, a Forjas Taurus prepara-se para vôos bem mais altos. A empresa planeja uma fábrica de pistolas e outra de capacetes para motociclistas na Europa, além de ampliar as operações da subsidiária nos Estados Unidos.

"Temos que internacionalizar mais a Taurus", disse o diretor presidente da companhia, Luis Fernando Costa Estima. Ele não fixa prazos, mas garante que a empresa trabalha "intensamente" nesses projetos e está "preparada" para ir ao mercado de capitais captar recursos para financiar parte da nova expansão. No ano passado, as vendas externas responderam por 49% da receita líquida consolidada de R$ 408,9 milhões.

Conforme o empresário, as vendas nos EUA, que absorvem 70% das exportações de armas do grupo, têm fôlego para manter nos próximos anos uma taxa de crescimento semelhante aos 33,9% apurados em 2006, quando a subsidiária americana teve receita líquida de US$ 78,2 milhões. Mesmo assim, uma operação direta na Europa é importante porque o mercado local "é muito fechado" às importações do produto, explicou.

No segmento de capacetes, a preferência é pela formação de uma joint venture com um fabricante local. A opção considerada mais interessante é a Itália, que tem um forte mercado neste segmento e onde a empresa adquire o design para os produtos.

Os planos para os Estados Unidos incluem o aumento da produção local de pistolas. Hoje o volume é "muito pequeno" e limita-se a dois modelos. Além disso, a unidade na Flórida será utilizada como base para iniciar ou aumentar as exportações de produtos como capacetes, coletes à prova de balas e máquinas operatrizes para os EUA e outros países da Europa, Ásia e África onde a Taurus já atua.

Pistolas, capacetes e máquinas são as principais operações da Taurus, com 58,1%, 13,8% e 13,2% da receita líquida consolidada de 2006, respectivamente. Apesar da queda da participação nos últimos anos (em 2003 era de 80%), o segmento de armas "foi, é e será" o principal negócio do grupo, diz Estima. De acordo com ele, depois da consulta que manteve a permissão para venda do produto a civis no país, a empresa passou a ser uma das poucas formalmente "referendadas" pela população no Brasil.

Em 2006, a receita líquida com a venda de armas cresceu 13,2% sobre 2005, para R$ 237,6 milhões. No Brasil, a alta foi puxada pelas compras das Polícias Militares, conta Estima, que acredita na manutenção da tendência em 2007. Nos Estados Unidos, o crescimento deveu-se à expansão da demanda interna e ao aumento da participação da Taurus no mercado de pistolas, estimada entre 25% e 30%.

Em 2006 foi investido R$ 35,2 milhões, principalmente na expansão de 30% na produção de armas. O volume não é revelado, mas o impacto aparecerá no resultado do primeiro trimestre, já que a ampliação foi concluída em 2006. Para 2007, o plano é investir R$ 23,2 milhões, bancada em parte pela parcela retida do lucro de R$ 30,3 milhões de 2006, e inclui novo aumento na fabricação de pistolas.

A empresa concluiu a reestruturação operacional que levou à criação de cinco unidades de negócios (capacetes, blindagens e plásticos; máquinas; forjados; armas e mercado internacional), cada uma com um diretor executivo.