Título: Usina de US$ 1,6 bi para fazer tubos
Autor: Moreira, Ivana
Fonte: Valor Econômico, 29/03/2007, Empresas, p. B9

Dois grandes grupos siderúrgicos mundiais vão se unir para construir uma nova usina no Brasil. O franco-alemão Vallourec e o japonês Sumitomo Metals vão investir US$ 1,6 bilhão na unidade em Jeceaba, no interior de Minas Gerais, para produzir 600 mil toneladas anuais de tubos sem costura. Com diâmetros que variando de 168,3 a 406,4 milímetros e conexões premium, os tubos da nova usina atenderão ao aquecido mercado de petróleo e gás.

O grupo Vallourec terá 55% do capital da joint venture, que deverá entrar em operação em meados de 2010. Cada um dos sócios no projeto ficará responsável pela comercialização de 300 mil toneladas de tubos. Como maior acionista, a Vallourec ficará ainda com 300 mil toneladas excedentes de aço bruto que serão produzidos na aciaria da unidade de Jeceaba.

Em comunicado distribuído à imprensa, as multinacionais informaram que a produção da nova usina no Brasil reforçará suas posições no mercado mundial de tubos sem costura, onde a demanda está aquecida principalmente pelos investimentos na área de energia. No caso da Vallourec, a participação na joint venture representará um incremento de 10% em sua produção total.

A siderúrgica de Jeceaba atuará focada no mercado externo, principalmente América do Norte, Oriente Médio e África. A unidade ficará a 500 quilômetros do porto de Sepetiba, por onde deverá ser escoada a produção.

A Vallourec já é dona da V&M do Brasil, antiga Mannesmann, maior fabricante de tubos sem costura do país com usina instalada em Belo Horizonte e jazidas próprias de minério de ferro no interior de Minas Gerais. As 300 toneladas anuais de aço bruto excedentes da usina de Jeceaba serão processadas na unidade da V&M do Brasil, conhecida como usina do Barreiro.

De acordo com o comunicado das empresas, a escolha da pequena cidade mineira para sediar a nova siderúrgica foi uma questão de logística, que garante fácil acesso aos mercados que mais interessam aos investidores, e também de custo. A proximidade das matérias primas foi uma grande vantagem na comparação com outras alternativas para instalação da indústria. Outro fator foi a logística.

O protocolo de intenções entre as duas multinacionais foi assinado ontem, na França. No dia 23 de abril, os principais executivos dos dois grupos têm encontro agendado com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, quando pretendem fazer a apresentação técnica do projeto. O brasileiro Marco Antônio Castelo Branco, ex-presidente da V&M do Brasil e que hoje compõe a direção da Vallourec na França, estará presente.

As negociações com o governo de Minas foram iniciadas há quase um ano, conforme informou ao Valor o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Wilson Brumer. Segundo ele, não haverá benefício fiscal para o projeto. O governo comprometeu-se apenas a investir na infra-estrutura viária da cidade, que fica próxima à malha ferroviária da MRS, e contribuir para o treinamento de mão-de-obra na região.

Ex- presidente da siderúrgica Acesita, Wilson Brumer travou uma batalha pessoal nos últimos tempos para mostrar às siderúrgicas mineiras as vantagens de investir perto das fontes de matérias primas - principalmente o minério de ferro - e não perto dos portos. Ontem, ele comemorava mais uma vitória. A Vallourec foi apenas uma das siderúrgicas a anunciar novos investimentos em Minas. A Usiminas anunciou recentemente a expansão da produção na usina de Ipatinga.

O grupo Vallourec tem focado seus investimentos em nichos de alto valor agregado. A usina da V&M do Brasil foi uma das unidades beneficiadas com expansão da produção de segmentos com os tubos de pequenos diâmetros com tratamento térmico, o que colocou a unidade muito perto do seu limite máximo de produção.

O contrato da joint venture entre os grupos Vallourec e Suminoto deverá ser assinado em junho, após a aprovação do projeto nos respectivos conselhos de administração bem como nas agências regulatórias do setor. A direção da empresa informou ontem que ainda não foi definido um nome para a nova fábrica.