Título: Inflação acelera um pouco no atacado, mas mantém-se em queda no varejo
Autor: Lamucci, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 21/03/2007, Brasil, p. A3

A alta dos produtos agropecuários foi a principal responsável pela aceleração do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) na segunda prévia de março. O indicador subiu 0,24% após registrar variação de 0,13% em período correspondente de fevereiro. Os produtos agrícolas no atacado avançaram 1,25%, devido principalmente à elevação nos preços dos ovos (14,41%) e das aves (8,61%). Na segunda prévia de fevereiro, os bens agrícolas aumentaram 0,58%.

Na avaliação do coordenador de análises econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, tais altas são pontuais e não devem ser mantidas. Os ovos subiram por razões sazonais. Já as aves aumentaram sob o efeito da combinação do fim das barreiras sanitárias às exportações para a Rússia - um importante mercado para o produto - com o repasse da alta ocorrida no início do ano no preço do milho utilizado como ração. "É um pequeno choque concentrado na área agrícola, que já bate no varejo, mas não há um comportamento generalizado de altas. Não é preocupante. É uma pressão localizada e, possivelmente, de curta duração", disse Quadros.

No varejo, também foi apurada inflação no grupo aves e ovos, de 3,61%. Na segunda prévia do IGP-M deste mês, o Índice de Preços do Atacado (IPA) avançou para 0,22% após subir 0,02% na segunda prévia de fevereiro. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) saiu de 0,37% para 0,31%, enquanto o Índice Nacional da Construção Civil (INCC) ficou em 0,21%, ante variação de 0,28% apurada na segunda parcial do mês passado. "Houve uma aceleração, mas em um nível extremamente baixo", completou o coordenador da FGV. O IPA, o IPC e o INCC têm pesos de 60%, 30% e 10%, respectivamente, na composição do indicador.

Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) no município de São Paulo avançou 0,24% na segunda medição de março, ou 0,04 ponto percentual abaixo da leitura registrada na abertura do mês, de 0,28%, segundo informou a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Habitação, transportes e saúde verificaram um abrandamento na tendência de alta, passando de 0,19%, 0,40% e 0,61% na primeira quadrissemana de março para, respectivamente, 0,10%, 0,35% e 0,42% no estudo divulgado ontem. Educação ficou estável, em 0,01% de elevação, e despesas pessoais caíram 0,05%, deixando para trás uma alta de 0,20% vista no começo do mês. Vestuário também apresentou baixa, de 0,25%, porém menos intensa do que aquela da primeira prévia de março, de 0,28%. Os preços dos alimentos subiram mais, de 0,44% para 0,60%.