Título: Mantega pede para IBGE revisar cálculos de gastos da União com educação e saúde
Autor: Simão, Edna; Resende, Thiago; Sousa, Yvna
Fonte: Valor Econômico, 05/12/2012, Brasil, p. A2

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que pediu ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) uma reavaliação dos resultados das despesas da administração pública com educação e saúde no terceiro trimestre, divulgados na sexta-feira. Segundo o IBGE, esses dois segmentos cresceram 0,1% no terceiro trimestre em relação ao segundo, descontados os efeitos sazonais. No conjunto, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,6% na mesma comparação, frustrando as expectativas do governo de um resultado próximo ou até mesmo superior a 1% no período.

"Pedimos ao IBGE para revisar esses dados", disse o ministro, ressalvando que não há nada de errado nisso até porque o instituto faz revisões trimestrais de suas estimativas. Na avaliação do ministro, a despesa com educação e saúde deve ter registrado crescimento real de pelo menos 1%. No PIB, o peso do setor público é de cerca de 20%. Mantega ponderou que, talvez, o resultado tenha sido influenciado pelo baixo desembolso dos Estados e municípios. O pedido de revisão ao IBGE é informal.

Durante audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, o ministro fez questão de fazer uma análise positiva sobre o crescimento de apenas 0,6% do PIB no terceiro trimestre ante o segundo, que ficou abaixo das expectativas do governo e de analistas do mercado. Segundo ele, no terceiro trimestre a agricultura teve um bom crescimento, de 2,5%, ou 10% anualizados. Ressaltou ainda a expansão da indústria, que segundo ele está reagindo às medidas do governo e cresceu 1,1% no período. "Nosso maior desafio era fazer a indústria crescer e estamos conseguindo isso", ressaltou. Mantega citou a produção industrial de outubro, que teve crescimento de 0,9% ante o mês anterior, para argumentar que a economia brasileira está, de fato, se expandindo.

Assim como na sexta-feira, Mantega disse que também influenciou no baixo crescimento do país a queda dos spreads bancários que fez com que o desempenho do setor de serviços fosse uma surpresa negativa. "O setor merece atenção e deverá ter melhor desempenho nos próximos meses", afirmou. Para ele, a redução dos spreads bancários significa juros menores, o que deve implicar aumento dos investimentos. "Há uma defasagem entre a queda de spread e sua compensação com investimentos."

Mantega disse que, em um cenário pessimista, o governo espera um crescimento de 0,8% do PIB no quarto trimestre deste ano. Afirmou que o governo persegue um crescimento econômico de 4% em 2013. Nesse cenário, o ministro considera que o investimento deverá se expandir 8%. "O investimento tem que ser o dobro do PIB para ser bom". Ele disse ainda que o governo tem tomado medidas importantes neste sentindo, citando que "um novo patamar de câmbio torna o manufaturado brasileiro mais competitivo".