Título: Renan pede reforço da Polícia Federal em Alagoas
Autor: Jayme, Thiago Vitale e Basile, Juliano
Fonte: Valor Econômico, 14/03/2007, Política, p. A14

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou ontem da tribuna que o governo federal vai enviar a Alagoas uma "força conjunta" da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal para atuar com as polícias estaduais, o Ministério Público e o Poder Judiciário no combate ao crime organizado.

Em apartes, senadores levantaram suspeição de haver motivação política por trás da recente onda de criminalidade em Alagoas, com o seqüestro de juízes ou seus familiares. "Há quem suspeite, em Alagoas, de algo parecido com uma tentativa de desestabilizar politicamente o governador", afirmou o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM).

"Concordo inteiramente com seu aparte. Se for realmente uma tentativa de intimidação, de atemorização dos poderes constituídos do meu estado, essa gente receberá a resposta que a sociedade está esperando que receba", respondeu Renan.

Nos últimos dias, foram sequestrados o juiz Paulo Zacarias, presidente da Associação dos Magistrados do estado, e o advogado Luciano Leite, genro do presidente do Tribunal de Justiça. Há dois meses, a irmã do juiz Braga Neto foi sequestrada. Ex-colega de faculdade de Renan, Zacarias foi seqüestrado no domingo. "Quando a criminalidade chega a ameaçar representantes da magistratura é porque a violência superou todos os limites", afirmou o presidente do Senado.

Principal avalista da eleição de Teotônio, Renan está preocupado com a situação do estado, que já enfrenta séria crise financeira. Agora, o pemedebista combinou uma conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar do combate ao crime organizado em Alagoas. Também tratou do problema, por telefone, com os ministros da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e das Relações Institucionais, Tarso Genro, aos quais pediu ajuda federal.

Hoje, às 11h, Teotonio e o presidente do Senado terão audiência com Thomaz Bastos para acertar os detalhes da operação. O encontro estava previsto para ontem à noite, mas o governador chegaria muito tarde.

Para que a ajuda federal não ficasse caracterizada como intervenção no estado - o que enfraqueceria a posição do governador - ficou acertado que será uma ação conjunta, reunindo as forças federal e as estaduais. "Apenas um esforço concentrado em todas as esferas do poder - Legislativo, Judiciário, Executivo e Ministério Público - pode dar resultados imediatos no combate à criminalidade", disse Renan.

Em aparte, o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) manifestou solidariedade ao governador tucano e defendeu o que considerou "intervenção positiva" reunindo as forças federais e estaduais no combate ao crime organizado em Alagoas. Ele lembrou que essa onda de sequestros não faz parte do "cartel de crimes" que ocorria em Alagoas. Segundo Collor, "é muito bem-vinda" a iniciativa de Renan e Teotonio de solicitarem ajuda federal.

O líder do PFL, José Agripino (RN), afirmou que Teotonio está sendo vítima do que classificou de "efeito bumerangue", por suas medidas no governo, como fechamento de secretarias e demissão de servidores. "É preciso ser muito macho para topar governar Alagoas", disse.