Título: Alemães buscam 'negócios verdes'
Autor: Souza, Marcos de Moura e
Fonte: Valor Econômico, 14/03/2007, Internacional, p. A15

Menos de um semana depois de a UE anunciar um novo plano para reduzir emissões de gás que causam o aquecimento global, a Alemanha já se movimenta para aproveitar um potencial novo filão de negócios: a economia ecologicamente responsável.

Para Roland Koch, vice-presidente da União Cristã Democrática (CDU na sigla em inglês), partido da premiê alemã, Angela Merkel, os países desenvolvidos devem usar seus conhecimentos para melhorar ou criar técnicas viáveis para garantir que as economias avancem poluindo menos. Mais que uma questão ambiental, trata-se de um questão de ganhos.

"Podemos demonstrar que temos as técnicas, a experiência, engenheiros, consultores, serviços que podem lucrar mostrando como crescer sem violar o meio ambiente", disse Koch, que visita o Brasil ao lado de um grupo de empresários, políticos e técnicos. O roteiro inclui reuniões em São Paulo, Rio e Brasília e encontros entre executivos de companhias que atuam nas áreas de produção limpa, TI, energia, finanças, transporte, entre outros interessados em abrir mercado no Brasil.

Metade de sua comitiva é formada por especialistas em questões ambientais, ligados a empresas de pequeno e médio porte focadas em inovação e que têm se dedicado a converter economias e empresas "em mais ecologicamente responsáveis".

O país já vem ajudando nações da Ásia a produzir de modo mais limpo, fechou velhos complexos industriais e algumas de suas grandes empresas tem investido pesado em linhas mais eficientes.

"Os países altamente industrializados têm uma responsabilidade especial para garantir crescimento econômico e respeito ao meio ambiente, algo que esses mesmos países não fizeram no passado."

Governador do Estado de Hessen, Koch é um dos políticos mais proeminentes da Alemanha e antes da ascensão de Merkel era visto como um dos nomes mais cotados da conservadora CDU para ocupar o cargo premiê. Derrotado por Merkel, ele mantém um grande cacife político para ser um eventual sucessor da primeira mulher a liderar o país. Mas, pelo menos por enquanto, Merkel tem em Koch um aliado no jogo político alemão. Merkel e Koch também compartilham da preocupação com o combate à mudança climática.

Na sexta-feira, a premiê, que ocupa a presidência rotativa da UE, anunciou que o bloco chegou a um acordo para reduzir até 2020 20% das emissões em relação a 1990 e produzir 20% de sua energia a partir de fontes renováveis.

Segundo Koch, a reação das companhias alemãs às metas foi de modo geral positiva. "Não só na Alemanha, mas na Europa, é importante para as empresas assegurar para seus clientes que sua produção segue regras responsáveis."