Título: Advent prepara carteira de US$ 1 bi
Autor: Silva Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 14/03/2007, Finanças, p. C8

A Advent, uma das maiores empresas de private equity do mundo, resolveu apostar forte no Brasil e na América Latina. A gestora está preparando um fundo de US$ 1 bilhão, um dos maiores já criados para a região. Patrice Etlin, responsável pelas operações da Advent no Brasil, preferiu não dar maiores detalhes do fundo, em fase de estruturação, mas ressaltou a dificuldade de captar recursos no mercado brasileiro junto aos fundos de pensão.

O maior empecilho, avalia, é que as fundações - e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - querem participar do comitê de investimento do fundo. Com isso, podem interferir na gestão da carteira e mudar os rumos dos investimentos do fundo. "Este é um trabalho que tem que ser feito pelo gestor", diz.

Outro ponto ressaltado por Etlin, é que a presença de fundações em comitês de investimento dificulta a atração de investidores estrangeiros para o fundo, pois ele sabe que haverá interferência nos negócios.

A Advent, que tem três fundos criados para a América Latina e agora está criando o quarto (o de US$ 1 bilhão), sempre captou recursos com investidores estrangeiros, nunca no Brasil. "Lá fora eu consigo captar com fundos de pensão sem que eles queiram ir para o comitê de investimento. Mas captar em real para investir no Brasil seria o ideal", afirma.

O quarto fundo vai continuar seguindo a política dos anteriores e aplicar em setores como varejo, mídia, indústria farmacêutica e serviços. A Advent está praticamente sem empresas na carteira. As duas últimas (Atmosfera e J. Malucelli) estão em processo de abertura de capital (a última, foi adquirida pelo Paraná Banco, que é quem vai lançar as ações).

A captação de US$ 1 bilhão só está sendo possível graças ao desempenho dos outros fundos da Advent para a América Latina. O primeiro, já encerrado, teve retorno de 14% em dólar ao ano. O do segundo beirou os 40%.

O terceiro ainda tem cerca de US$ 200 milhões para serem investidos, mas os investimentos já realizados tiveram retornos altos. Etlin não revela os números. Mas na Dufry, multinacional que controla a Brasif (que abriu o capital no ano passada), o fundo aumentou em cinco vezes o capital inicialmente investido.

Exemplos de retornos estratosféricos dos fundos de private equity não faltaram ontem no seminário da ABVCap. O que mais surpreendeu os presentes foi o exemplo da Equatorial Energia (que comprou a Cemar, companhia de energia do Maranhão), que teve a participação da GP Investimentos.

Em três anos, o retorno foi de nada menos que 33 vezes o capital investido. O fundo aplicou US$ 10 milhões e realizou US$ 330 milhões. Outro exemplo de sucesso foi a Diagnósticos da América (Dasa), que aumentou o capital investido em 55 vezes, mas no prazo de oito anos. (ASJ)