Título: Fundos terão mercado secundário
Autor: Silva Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 14/03/2007, Finanças, p. C8

O efervescente cenário para os fundos de private equity (carteiras que compram participação em empresas) está atraindo um novo tipo de negócio para o Brasil, o mercado secundário de fundos. Formado por empresas especializadas em comprar participações de investidores em fundos e reformular carteiras, o segmento movimenta bilhões de dólares por ano na Europa e Estados Unidos.

A Paul Capital Partners, com escritórios em San Francisco, Londres e Paris, está abrindo operações em São Paulo. Outras companhias, como a inglesa Coller Capital, também têm sondado os gestores aqui e devem desembarcar no país.

Segundo Duncan Littlejohn, que vai cuidar das operações da Paul Capital no Brasil, a empresa trabalha em duas frentes: para o investidor e para o gestor. "Nosso trabalho é dar liquidez ao mercado", disse. No caso do investidor que aplicou em um fundo de private equity, que tem prazo longo (entre cinco e dez anos), e quer sair da aplicação antes do final do fundo, a Paul Capital recompra as cotas deste aplicador.

Já em caso de fundos mais velhos, que investiram em várias empresas e já realizaram os ganhos vendendo a participação nas companhias mais bem sucedidas, a Paul Capital compra a participação no fundo das outras empresas que sobraram e não interessam mais à carteira. Ela procura um novo gestor que começa a administrar as companhias a partir de um novo estágio.

Na prática, uma empresa como a Paul Capital funciona como um fundo de private equity. A empresa cria um fundo que compra as participações nos fundos que já estão no mercado. Ela não faz a gestão das empresas.

Assim como um private equity, a Paul capta recursos com investidores institucionais para comprar as participações. No Brasil, o executivo disse que a empresa está disposta a gastar entre US$ 15 milhões a US$ 50 milhões por negócio. A empresa administra globalmente US$ 4,5 bilhões, tem participação em 500 fundos que por sua investem em 5 mil empresas.

Por aplicar em fundos que já estão no mercado, com desempenho conhecido, os fundos da Paul tem risco menor. Por esse motivo, têm retorno menor também. Duncan Littlejohn faz palestra hoje no seminário da ABVcap, a associação dos fundos de private equity do Brasil.

"Estes fundos são os grandes arbitradores do mercado", avalia Álvaro Gonçalves, sócio da gestora Stratus e conselheiro da ABVCap.