Título: Fundos aliam-se à Santa Elisa de olho no álcool
Autor: Scaramuzzo, Mônica
Fonte: Valor Econômico, 14/03/2007, Agronegócios, p. B12

A Cia. Energética Santa Elisa, de Sertãozinho (SP), está se associando a fundos estrangeiros para promover sua expansão em Minas Gerais e em Goiás, em um investimento estimado em R$ 2 bilhões. A participação desses fundos será na nova empresa criada pelo grupo, a Companhia Nacional de Açúcar e Álcool (CNAA), responsável pelos novos projetos da companhia.

Na composição acionária da nova empresa, a CNAA, fazem parte os fundos de investidores Global Foods e o Carlyle and Riverstone, que terá participação majoritária, além da própria Santa Elisa. Esses fundos devem fazer um aporte de cerca de US$ 300 milhões na nova companhia. Os detalhes dessa operação serão divulgados hoje.

O empresário André Biagi, presidente do conselho de administração da Santa Elisa, e o executivo Allan Kahane, ligado à Global Foods, dividirão a presidência do conselho da CNAA. O atual diretor-superintendente da Santa Elisa, Anselmo Lopes Rodrigues, será o CEO da CNAA.

A criação da nova empresa, em desenvolvimento nos últimos meses, ocorre ao mesmo tempo que a Santa Elisa orquestra fusão com a Cia. Vale do Rosário, de Morro Agudo (SP). Dessa fusão, também será criada uma nova empresa, envolvendo, em um primeiro momento, as usinas Vale do Rosário, Santa Elisa, Jardest e MB e Continental, todas de São Paulo. A Vale do Rosário minou, no fim de fevereiro, as intenções do grupo Cosan de adquirir o controle majoritário da usina ao fazer uma oferta de compra das ações de 50,2% dos acionistas da empresa.

Segundo Rodrigues, a fusão entre as companhias vai ocorrer e já está em andamento. "A CNAA será sócia da nova empresa criada após a fusão", disse. Essa nova empresa deverá abrir seu capital.

Segundo Cícero Junqueira Franco, vice-presidente da Vale do Rosário, os bancos Rabobank e ING estão coordenando o processo de fusão. As consultorias PriceWaterHouseCoopers e KPMG são responsáveis pela reestruturação administrativa e fiscal dessas empresas. "A fusão sai em menos de 60 dias."

Junqueira Franco confirmou ao Valor que os fundos associados à Santa Elisa na CNAA poderão compor, em um segundo momento, o quadro de acionistas da nova empresa criada após a fusão com a Vale do Rosário. Os fundos GG, do empresário Antonio Kandir, e Gávea, do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, também poderão participar da nova companhia, segundo Franco.

Com faturamento da ordem de R$ 600 milhões, a Santa Elisa deu início em 2005 a uma reestruturação acionária. Esse processo resultou na saída do empresário Maurílio Biagi Filho, que estava à frente da companhia há mais de 40 anos.

No fim do ano passado, a Santa Elisa anunciou a construção de duas usinas em Minas Gerais, nas cidades de Ituiutaba e Campina Verde, na região do Triângulo Mineiro. Esses dois investimentos estão estimados em R$ 800 milhões, com financiamento do BNDES e Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), além de recursos próprios. Em Goiás, a nova planta será construída em Edéia, em parceria com a Vale do Rosário. Segundo Rodrigues, os investimentos em novas usinas poderão chegar a R$ 2 bilhões.