Título: Vaivém constante no CCBB
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 06/12/2010, Política, p. 2

Ao custo de R$ 2,8 milhões, equipe de Dilma e assessores de Lula traçam o programa de governo para os primeiros meses da nova gestão Especial para o Correio

Os nomes fortes que irão compor o governo da presidente eleita, Dilma Rousseff, circulam todos os dias pelo Centro Cultural Banco do Brasil, no Setor de Clubes Esportivos Sul, ao lado da Ponte JK. Mas nem todo mundo por lá percebe a movimentação dos políticos. ¿Eu só fico sabendo o que está acontecendo quando vejo jornalistas e carros da imprensa. Nesses dias, dependendo da quantidade de repórteres por aqui, sei que a presidente eleita está no prédio, com seus principais assessores¿, diz Edinaldo Teixeira de Carvalho, gerente de um dos restaurantes do CCBB.

Lá está instalada a sede do governo de transição, responsável pelos trabalhos que darão continuidade da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a de Dilma, que assume a Presidência da República em 1º de janeiro. ¿Aqui a gente não discute apenas a ocupação de espaços no futuro governo e a nomeação de ministros¿, disse o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), um dos coordenadores da transição, que assumirá o Ministério da Justiça. Muito frequentemente, porém, chegam às mesas dos assessores currículos de postulantes a vagas no Executivo, no Legislativo e no Judiciário.

Mas, de fato, o trabalho dos 27 indicados que compõem a equipe de transição ¿ indicados pela presidente eleita e por partidos aliados ¿ vai além da ocupação de cargos. Em reuniões diárias no CCBB, eles discutem, acompanhados de assessores da Presidência da República, o que poderá ser feito nos primeiros quatro meses do governo Dilma e quais programas de governo serão criados, ampliados ou mantidos. Já foi decidido, por exemplo, que 750 mil famílias que não têm filhos serão contempladas pelo Bolsa Família a partir de 2011.

A avaliação no CCBB é de que a transição neste ano está sendo tranquila graças à presença de Dilma Rousseff nos oito anos de governo Lula. Não que a passagem de governo de Fernando Henrique Cardoso a Lula, em 2002 ¿ também realizada no CCBB ¿, tenha sido complicada, lembram assessores da transição. Mas interlocutores do governo dizem que, agora, a passagem de faixa presidencial entre duas pessoas do mesmo partido é mais simples.

Granja do Torto A presidente eleita, que está morando na Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência da República, foi ao CCBB para participar de reuniões e cumprir agenda três vezes desde 31 de outubro, quando se consagrou vencedora nas urnas. ¿Quando o presidente Lula veio para cá por causa da reforma do Palácio do Planalto, a movimentação de carros era muito mais intensa do que agora¿, diz Bruno Moura de Freitas, porteiro responsável pelo controle do estacionamento de veículos oficiais.

Apesar de Dilma aparecer apenas de vez em quando, a assessoria de imprensa da transição diz que a presidente eleita pede informações diárias sobre o andamento dos trabalhos. Além dos integrantes da transição, funcionários da Presidência auxiliam os trabalhos no CCBB. A todo momento, eles entram e saem dos dois andares onde estão localizados os gabinetes de Dilma e do vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB-SP). Há também salas para os coordenadores da transição ¿ Temer, Cardozo e Antonio Palocci ¿ e para assessores (veja infográfico abaixo). Os trabalhos no CCBB foram orçados inicialmente em R$ 2,8 milhões. A lei que regulamenta as transições de governo foi sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 2002.