Título: PT prepara lista de 'ministeriáveis' para Lula
Autor: Costa, Raymundo e Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 16/02/2007, Política, p. A12

A comissão política do PT decidiu ontem indicar a ex-prefeita Marta Suplicy para o Ministério da Educação. A decisão ainda será referendada pela Executiva Nacional, em reunião prevista para o dia 26. Segundo o deputado Ricardo Berzoini (SP), o partido vai "oferecer um conjunto de nomes para o presidente decidir quem aproveita e quem não aproveita", para áreas hoje já ocupadas pelo PT.

"Os espaços são os espaços hoje ocupados pelo PT. Não há nenhum tipo de reivindicação específica sobre outros espaços", disse o presidente petista. Berzoini, no entanto, ressaltou: "Agora, opiniões sobre como conduzir as pastas do governo, independente de ser do PT ou não, estas nós vamos levar ao presidente, porque achamos que há uma obrigação do PT e dos demais partidos".

Na prática, isso significa que ministérios de outros partidos devem acomodar integrantes da coalizão. Um exemplo clássico: o Ministério das Minas e Energia está na cota do PMDB, mas os presidentes da Petrobras e de Itaipu são do PT. O modelo foi defendido, à saída da reunião, pelo assessor de assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia - "o ministro tem peso na escolha de seus auxiliares, mas deve levar em conta também a coalizão de governo", disse.

Dos 15 ministérios e secretarias com status de ministro de que dispõe no momento, o PT considera indicação do partido apenas sete: Desenvolvimento Agrário, Desenvolvimento Social, Meio Ambiente, Educação, Trabalho, Previdência e Pesca. Os demais, segundo Berzoini, são ministérios-meio, como a Fazenda e o Planejamento, de indicação pessoal do presidente, como os ministros do Planalto, ou secretarias temáticas, como a de Política para as Mulheres.

Mas o "conjunto de nomes" que o PT apresentará a Lula será bem maior que o número dos sete ministérios-fins. Desses, um deve caber à tendência Democracia Socialista (DS), o de Desenvolvimento Agrário, e outro para a Articulação de Esquerda, a Secretaria da Pesca. Para o Desenvolvimento Agrário está cotado o deputado Walter Pinheiro (BA), mas o cargo também pode passar por uma negociação interna - Jorge Samek, hoje em Itaipu, iria para o MDA e Miguel Rossetto, ex-ministro da Pasta e integrante da DS ocuparia a estatal.

Berzoini negou que em algum momento o PT tenha decidido reivindicar os ministérios de Cidades e da Saúde. "O PT está discutindo os espaços que hoje ocupa para não criar nenhum constrangimento a outros partidos e mesmo ao presidente da República", disse. "Eventualmente um ou outro membro da Executiva pode ter falado, para efeito de raciocínio e de discussão, dentro da Executiva, sobre vários ministérios que são importantes", o que não significaria uma decisão partidária. "Nossa meta é fortalecer a coalizão", afirmou.

Berzoini confirmou que Marta está na lista que o PT levará a Lula. "É um nome muito forte. Uma pessoa que foi prefeita de São Paulo, terminou a prefeitura com uma grande aprovação, mesmo não tendo vencido as eleições", afirmou. " É um quadro nacional do partido, não é um quadro de São Paulo. É um nome para ser oferecido ao presidente. Onde aproveitar, o presidente vai decidir da maneira que achar melhor". Marta, na realidade, preferia o Ministério de Cidades, mas deve se contentar com a Educação. Na véspera, Lula havia dito que o PT poderia querer o que quisesse, mas que a decisão era exclusivamente dele.

"Nós vamos oferecer nomes que podem estar vinculados à Pasta ou não. Tem gente que cabe em vários lugares, tem gente que cabe num lugar só", disse Berzoini. Um dos nomes a integrar a lista deve ser o do atual ministro da Educação, Fernando Haddad, que Lula eventualmente pode aproveitar em outro cargo. Uma das hipóteses é a Previdência. Os nomes de todos os sete ministros devem ser mantidos na lista, inclusive o atual ministro da Previdência, Nelson Machado, que é filiado ao partido.

Na quinta-feira da próxima semana, o presidente se reunirá com PSB e PCdoB. "Essa reunião com os partidos é muito importante porque houve um estremecimento na base e são partidos que têm porte de participação no primeiro escalão no governo até agora e vão manter esse porte", disse ontem o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro. Ele reiterou a vontade de Lula anunciar todo o ministério de uma vez, provavelmente na primeira semana de março.