Título: Aumento de tarifas reduz prejuízo da Infraero
Autor: Campassi, Roberta
Fonte: Valor Econômico, 26/03/2007, Empresas, p. B2

No ano da pior crise da história da aviação, a Infraero conseguiu aumentar as receitas para perto de R$ 2 bilhões e reduziu significativamente seu prejuízo.

A empresa que administra 68 aeroportos do país registrou prejuízo de R$ 135,3 milhões em 2006, 70% menor do que a perda de R$ 458,1 milhões do ano de 2005. O resultado negativo foi gerado, em parte, porque a Infraero classificou um valor de R$ 278,6 milhões como "prováveis perdas", referentes a parte de dívidas da Varig, Transbrasil e Vasp.

Já o resultado operacional da Infraero - exclui os recursos da própria empresa investidos nos aeroportos, no total de R$ 306 milhões- foi positivo: R$ 170,7 milhões, quase sete vezes superior ao ganho de R$ 24,5 milhões em 2005.

A receita líquida da estatal cresceu 14,5% e chegou a R$ 1,93 bilhão em 2006. Os investimentos somaram R$ 889,7 milhões, quase 20% maiores do que em 2005. Além dos investimentos próprios, a Infraero obteve recursos com convênios, o governo federal e o Ataero, taxa cobrada das empresas aéreas destinada à melhoria da infra-estrutura.

A receita com as tarifas de embarque cobradas dos passageiros cresceu 40% e representou a maior fonte de recursos para a empresa, no total de R$ 584,1 milhões, uma vez que o número de embarques e desembarques cresceu 6,4% e as tarifas foram reajustadas em 70% ao final de 2005. "Os preços não eram reajustados desde 1994", disse por telefone Joselino Araújo, diretor financeiro da Infraero. As receitas comerciais, que incluem aluguéis cobrados das lojas nos aeroportos, somaram R$ 520 milhões. As receitas com armazenagem e capatazia e auxílio à navegação aérea cresceram, ambas, 17%.

Por último, a receita obtida com pouso e permanência de aeronaves nos aeroportos caiu 10,8%, para R$ 192,9 milhões. Como a Varig reduziu sua frota em meados de 2006, menos aviões ficaram em operação. TAM e Gol ocuparam o espaço deixado, mas o fizeram com menos aviões. A queda também é explicada pela desvalorização do dólar, que levou à redução das tarifas cobradas nas operações internacionais.

No balanço publicado na sexta-feira, a Infraero afirma que "o ano de 2006 foi de crise e crescimento". São mencionados os problemas com a Varig, o acidente com o vôo 1907, da Gol, os controladores aéreos e o aeroporto de Congonhas, que "tem pouca tolerância a eventuais ineficiências do sistema". A estatal não mencionou as suspeitas de irregularidades em seus contratos, que são alvo de mais de 40 processos no Tribunal de Contas da União (TCU).