Título: Para Abinee, teles e energia serão motor da indústria
Autor: Madureira, Daniele
Fonte: Valor Econômico, 14/12/2012, Empresas, p. B2

Energia e telecomunicações, indústrias que enfrentam "apagões" e queda na qualidade dos serviços, são as que vão puxar as vendas do setor de elétrica e eletroeletrônica em 2013. A previsão é que o faturamento de telecomunicações suba 7%, para R$ 24,3 bilhões, e o de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica (GTD) cresça 10%, para R$ 17 bilhões, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

"Chegamos ao gargalo do setor de infraestrutura no Brasil", disse o presidente da Abinee, Humberto Barbato. "As empresas de energia e telecomunicação são obrigadas a investir para atingir as metas regulatórias." O setor de telecomunicações representa 15,6% do faturamento total da indústria elétrica e eletrônica e o de energia responde por 10,6%. A meta do setor como um todo é elevar as vendas em 8%, atingindo R$ 156,7 bilhões.

A Abinee divulgou ontem o balanço do setor em 2012 e as projeções para o ano que vem. Conforme antecipou o Valor PRO no dia 11, a indústria de eletroeletrônicos registrou aumento de 5% no faturamento deste ano, para R$ 145,4 bilhoes, embora a projeção fosse de 13%. A retração dos investimentos produtivos por conta da crise internacional e pelo consumo abaixo das expectativas dificultou atingir a meta, disse a entidade.

Informática, que responde sozinha por 30% das vendas e é a principal indústria do setor, prevê crescimento de apenas 5% em 2013. Isso, na melhor das hipóteses, segundo o vice-presidente e diretor da área de informática da Abinee, Hugo Valério Jr. "A indústria pode crescer acompanhando o PIB", afirmou o executivo.

Este ano, o desempenho em vendas dos fabricantes de informática também foi decepcionante. A despeito do aumento de 153% da venda de tablets, para 2,88 milhões de unidades, o faturamento ficou estagnado em R$ 43,56 bilhões. A expectativa era de alta de 10%. "O consumidor está mais endividado e menos confiante, o que impacta as vendas", disse Valério, que não acredita na transferência da demanda de notebooks e desktops para tablets. Ainda assim, a venda de desktops caiu 11% em volume neste ano, enquanto a de notebooks cresceu 14% - menos da metade do verificado em 2011, quando avançou 35%.

Valério destacou a queda nas exportações para a Argentina, principal comprador de produtos de informática brasileiros (representa um terço das exportações). "As barreiras impostas este ano pelo país prejudicaram a indústria nacional", disse. A representatividade das exportações dentro do segmento de informática é de 2%.

Em telecom, a alta de 14% nas vendas deste ano, comparada aos 35% previstos inicialmente pela Abinee, está relacionada ao cronograma do serviço 4G. "O leilão atrasou e comprometeu a projeção de aumento da demanda", disse Paulo Castelo Branco, dirigente da NEC e vice-presidente da área de telecomunicações da Abinee. O crescimento previsto para 2013, de 7%, metade do índice observado este ano, se deve ao cenário internacional. "Apesar da necessidade de as operadoras investirem para cumprir metas, o clima no mercado internacional não é dos mais animadores", disse.

A venda dos celulares tradicionais, que representam 73% do total da categoria, caiu 25% este ano. Com isso, a alta de 78% nas vendas de smartphones não foi capaz de sustentar a categoria, que encerrou o ano com queda de 11%.

Na contramão da retração das vendas, o segmento de utilidades domésticas, que engloba linha branca e televisores, apresentou um desempenho surpreendente, com crescimento de 8% este ano. A previsão era alta de 5%. "A redução do IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados] sobre a linha branca contribuiu para o resultado", disse Barbato. Para 2013, a previsão do segmento é crescer 10%.