Título: Fruet conseguiu colocar Serra e Aécio na campanha
Autor: Costa, Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2007, Política, p. A9

Agregador e bem-humorado, são as duas características em geral associadas ao deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), o mais jovem dos três candidatos à presidência da Câmara - 43 anos, 44 em 18 de abril. Com trânsito fácil em todas as alas do PSDB, a candidatura de Fruet justifica a fama: ela colocou os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), potenciais candidatos tucanos a presidente, ao telefone para pedir votos ao deputado paranaense.

A gênese tucana de Fruet é a mesma do PSDB: uma briga com o governador Roberto Requião, do PMDB, partido ao qual foi filiado até 2004. Fruet, deputado federal mais votado em Curitiba nas eleições de 2002, queria ser candidato a prefeito da cidade. Requião, que recebera o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleição para o governo do Estado, resolveu apoiar o candidato do PT, Ângelo Vanhoni. Com o caminho obstruído no PSDB, Fruet foi para o PSDB e apoiou o candidato do partido, Beto Richa, que, no fim, bateu Vanhoni na disputa.

O nome Richa sempre esteve relacionado aos Fruet. O pai de Gustavo, Maurício, era deputado federal e integrava o grupo então liderado pelo senador José Richa, já falecido, ligado a Mário Covas. Gustavo era vereador quando o pai, que concorria à reeleição, morreu - Fruet assumiu seu lugar e numa campanha curta foi eleito para a Câmara com a segunda maior votação de Curitiba. Em 2002, viria a ser o mais votado na capital.

Gustavo Fruet é advogado, mestre e doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Aliados e até adversários vêem o jovem deputado como integrante de uma nova geração que encara com seriedade a vida pública. Já no exercício do primeiro mandato foi avaliado pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) como um deputado integrante do "grupo em ascensão" na Câmara. No segundo, foi relacionado pela entidade na lista dos "100 cabeças do Congresso", que o classificou como "parlamentar articulador, integrante de nova geração política que coloca o interesse público e nacional acima dos interesses pessoais e/ou provincianos". Fruet assume hoje o terceiro mandato federal.

Foram essas características que levaram Fruet a ser o candidato da chamada "Terceira Via", o grupo de deputados que se organizou "expressando o desejo de uma nova forma de relacionamento da Câmara dos Deputados com a sociedade e o com o Poder Executivo", segundo o próprio Fruet, em carta aos colegas. Tucano, obrigou os caciques do PSDB a dar meia-volta no apoio já declarado ao petista Arlindo Chinaglia e colocar Serra e Aécio ao telefone. Sinceramente ou não, mas o fato é que Fruet registra uma intensa movimentação dos dois governadores.

Fruet ganhou expressão como sub-relator de movimentação financeira da CPI dos Correios, que apurou o mensalão. "Nunca acusei ou julguei ninguém", costuma dizer. O ar severo, as perguntas feitas educadamente nada diziam do deputado brincalhão com assessores e colegas, sempre surpreendidos com alguma brincadeira quando pensam que Fruet está falando sério. Ao colocar o paletó, que costuma levar às costas, virou-se um dia para um assessor e pediu: "Segura essa mala aqui. Está cheia de dólares!" (RC)