Título: Missão busca parceria entre empresas dos dois países
Autor: Exman , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 23/11/2012, Internacional, p. A12

Decidida a diversificar seus parceiros comerciais e tentar atrair investimentos, a cúpula do Ministério de Relações Exteriores polonês visitará no Brasil entre segunda e quarta-feira acompanhada de 69 empresários. O roteiro da visita incluirá Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Além de buscar uma aproximação política com o Brasil, a missão tem como objetivo promover parcerias entre os empresários dos dois países.

Algumas das armas que o governo polonês dispõe para atrair investimentos são os benefícios fiscais e facilidades na obtenção de terrenos nas 14 zonas econômicas especiais espalhadas pelo seu território. Por outro lado, quer impulsionar a internacionalização das companhias do país.

"Esperamos que as empresas aproveitem essa oportunidade [crise financeira global] para se lançar aos mercados internacionais, apoiadas sempre pelo governo", afirmou em entrevista a jornalistas brasileiros e colombianos a vice-ministra da Economia, Ilona Antoniszyn-Klik, acrescentando que a Polônia ainda é um país em construção e que a transição do comunismo para o regime capitalista deu às empresas locais grande capacidade de adaptação. "As empresas polonesas têm potencial para entrar em outros mercados e crescer junto com esses países."

Embora o intercâmbio comercial entre os dois países ainda seja ínfimo, o Brasil é o principal parceiro polonês na América Latina. Em 2011, por exemplo, o Brasil exportou apenas US$ 481,5 milhões para a Polônia. Já as importações de produtos poloneses somaram US$ 466,3 milhões no mesmo período. No acumulado deste ano, o Brasil registra um déficit comercial de US$ 171,9 milhões com o país europeu.

Para a vice-ministra, medidas protecionistas adotadas pelo Brasil não devem afastar os empresários de seu país. "Entendo que cada país tenha alguns setores que considere de importância vital e trate de protegê-los", ponderou. "Cabe ao empresário estrangeiro procurar um nicho. A tarefa é achar setores e oferecer valor agregado."

Durante a visita, empresários e autoridades poloneses participarão de um seminário sobre a indústria offshore no Rio de Janeiro. Assim como ocorre no Brasil, a indústria naval da Polônia tem recebido apoio do governo para se reestruturar. Ao norte do país, estaleiros públicos e privados produzem, por exemplo, barcos de luxo, navios especializados em apoiar as indústrias de petróleo e de geração de energia eólica. A Energomontaz, uma das empresas que integrará a missão, já presta serviços para um fornecedor norueguês da Petrobras. Em São Paulo, o foco é o setor de construção e transportes e eventuais contratos para a venda de equipamentos para o metrô da capital paulista, além da indústria farmacêutica. O governo polonês também vê oportunidades nos setores de gás natural, energia nuclear, geração de eletricidade, tecnologia e defesa.

Outro objetivo do governo polonês é promover o país como uma plataforma de negócios para a União Europeia e o Leste Europeu. Além de um mercado doméstico de 38,2 milhões de pessoas, sustenta o governo polonês, as empresas instaladas no país têm acesso a 250 milhões de consumidores num raio de mil quilômetros e uma localização estratégica no mar Báltico.

Mas o esforço polonês não se limitará à missão de três dias que ocorrerá no fim do mês. O país tem uma estratégia de médio prazo traçada para sua atuação no Brasil. O Ministério da Economia da Polônia quer que as empresas locais participem de sete eventos brasileiros dos setores de indústria naval, madeira e indústria moveleira, metalurgia, automação industrial, óleo e gás, indústria de cosméticos e infraestrutura ferroviária.

Além da presença em outras feiras de negócios, estão previstas até 2015 a realização de visitas de empresários poloneses desses setores ao Brasil e ainda das áreas de tecnologia da informação, equipamentos médicos e farmacêuticos, fertilizantes, produtos químicos, autopeças, equipamentos elétricos, tecnologias ambientais, defesa e alimentos. O governo polonês também pretende convidar empresários brasileiros para conhecer sua indústria naval, de máquinas para a indústria pesada e de mineração, transporte ferroviário e das indústrias química, moveleira e de alimentos. Outros alvos da Polônia são a Embraer e demais empresas do setor de aviação, cujas parcerias são cobiçadas pelo Instituto de Aviação polonês. (FE)