Título: Tesouro prepara nova captação em real
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2007, Finanças, p. C3

O Tesouro vai emitir papéis da dívida externa, denominados em reais, com vencimentos de 20 e 30 anos. A captação pode ser realizada ainda neste ano, mas a estratégia não exclui reaberturas dos outros dois títulos em moeda brasileira já colocados no mercado, com prazos de 2016 e 2022. As informações são do coordenador-geral de Operações da Dívida, Ronnie Tavares.

O secretário adjunto do Tesouro, Paulo Valle, também esclareceu que o Plano Anual de Financiamento (PAF) da dívida para este ano não estabelece prioridade de emitir papéis em reais no mercado internacional. O Brasil vai continuar captando em dólares, mas essas operações obedecerão ao objetivo do "refinamento" da dívida externa. Além da melhora da qualidade, o governo também pretende reduzir a dívida em dólares, o que limita a emissão em dólares a um volume igual ou menor que a soma dos vencimentos com as recompras.

O Global 2017 já tem estoque de US$ 1,5 bilhão e permitiu a criação de uma nova referência de dez anos na curva em dólares. Nesse caso, o Tesouro registrou o menor spread (159 pontos base) na abertura desde que o Brasil voltou a emitir no mercado externo. Tavares informou que espera-se reabrir a oferta desse papel para aumentar a liquidez, o que pode ocorrer ainda neste ano.

A primeira emissão em 2007 (Global 2037) permitiu a captação de US$ 500 milhões e estabeleceu um novo ponto de referência (30 anos) na curva em dólares. O estoque desse título já alcançou US$ 2,5 bilhões. No segmento dos títulos em reais, o Global BRL 2016 tem estoque de R$ 3,4 bilhões e o Global BRL 2022 já chegou aos R$ 3 bilhões, valor que dá liquidez suficiente para o mercado secundário.

Valle também comentou que alguns bancos internacionais esperam para o final deste ano ou para o ano que vem a classificação dos papéis brasileiros como "grau de investimento". Mas preferiu não dar estimativa oficial de quando essa evolução vai ocorrer. A Standard & Poor's elevou a Índia à condição de recomendável para investimento.

Em 2004, a Moody's já tinha reconhecido essa qualidade, o que também ocorreu com a Fitch em 2006. "Estamos bem mais próximos disso do que em outras épocas. No caso da Índia, olharam mais para o crescimento", afirmou o secretário adjunto do Tesouro.