Título: Indústria consome 8,7% mais energia em 2004
Autor: Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 07/01/2005, Brasil, p. A3

Quase três anos depois do racionamento de energia elétrica - que adiou as perspectivas de crescimento econômico-, a indústria nacional volta a puxar o consumo de energia no Brasil. O segmento industrial acumulou, até setembro, uma alta de 8,7% no consumo de energia elétrica. No total do país, o consumo cresceu 5,02% no ano passado em relação a 2003. Foi a primeira vez, que a demanda superou a de 2000, último período antes do racionamento. Em 2004, o consumo faturado pela Eletrobrás e acumulado nos doze meses foi de 322.400 gigawatts/hora (GWh), superando em 4,9% o de 2000, que foi de 307.500 GWh. Apesar do consumo total de energia no país ter crescido 5,02% em 2004, esse volume é menor que o crescimento de 8,4% verificado em 2003. Entretanto, naquele ano a comparação era com 2002, quando a demanda ainda não tinha retomado os níveis anteriores ao racionamento - que começou em junho de 2001 e terminou em fevereiro de 2002 - , tudo isso combinado a uma demora da retomada da atividade econômica e ao consumo da classe residencial, que aprendeu a economizar e demorou a retomar velhos hábitos. O consumo de energia elétrica pela classe industrial no Brasil aumentou gradualmente ao longo do ano: cresceu 4,6% em janeiro; 6,6% em fevereiro; 7,8% em março, 8,2% em abril; 8,2% em maio; 9,1% em junho; 9,8% em julho; 12,5% em agosto e 11% em setembro.

No acumulado de janeiro a setembro do ano passado, a maior demanda forte da indústria ocorreu em todas as regiões do país. Nesse período, o consumo aumentou 8,7% no Sudeste/Centro-Oeste; 11,9% no Norte interligado; 8,2% no Nordeste interligado, 6,7% no Sul e 13,2% na parte da região Norte que é isolada do sistema. Os dados da Eletrobrás obtidos pelo Valor só são detalhados por região e classe de consumo até o mês de setembro. A estatal havia parado a contabilização em abril porque mudou a metodologia de cálculo e teve que refazer a pesquisa. O presidente da empresa, Silas Rondeau, explicou que foi detectado que a estatística anterior não estava captando o mercado de aproximadamente 400 consumidores livres que hoje já compram diretamente (sem passar pelas distribuidoras) cerca de 12% da energia produzida. Para fechar os dados divididos por região e classe de consumo até dezembro, o que deve ser feito em breve, a Eletrobrás aguarda os dados de faturamento das empresas. Os dados informados ao Valor divergem dos apurados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) porque este mede o mercado total de energia, o que inclui as perdas, os consumidores livres e os auto-produtores, que apenas transportam a energia pelo sistema. Já a Eletrobrás contabiliza apenas o volume total de energia faturado pelos clientes, tanto livres quanto cativos.