Título: Nova tábua de mortalidade melhora aposentadoria
Autor: Martins, Diogo; Watanabe, Marta
Fonte: Valor Econômico, 30/11/2012, Brasil, p. A5

A nova tábua de mortalidade para 2011, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), terá efeito benéfico a quem pretende se aposentar a partir de dezembro até novembro de 2013. Apesar de indicar aumento da esperança de vida ao nascer do brasileiro, a tábua indica redução da expectativa para quem tem hoje 55 anos ou mais. O efeito prático disso na aposentadoria para quem tem acima de 55 anos hoje é o aumento do fator previdenciário e, consequentemente, do valor a receber de aposentadoria.

A elevação do benefício a receber é pequena, mas é a primeira vez em dez anos que a tábua de mortalidade tem efeito benéfico para as aposentadorias. Newton Conde, da Conde Consultoria Atuarial, diz que na última década, a tábua mostrou, a cada ano, aumento médio de 40 dias na expectativa de vida, o que fazia o valor da aposentadoria ficar menor.

Segundo cálculo da Conde Consultoria, a tábua de mortalidade para 2011, divulgada ontem pelo IBGE, a expectativa de vida de quem tem entre 41 anos e 80 anos teve redução média de 83 dias. A nova tábua vale para o cálculo do benefício a ser solicitado a partir de dezembro.

Segundo cálculos da Conde, um homem de 57 anos de idade com 37 anos de tempo de contribuição, com salário mensal de base de R$ 1 mil, por exemplo, que entrar com o pedido de aposentadoria até fim de novembro receberá R$ 818,81 de benefício mensal. Nas mesmas condições, se a aposentadoria for solicitada a partir de dezembro até novembro do ano que vem, o benefício será de R$ 822,29. "É um ganho pequeno, mas pelo menos não há redução de valor", diz Conde. Nos anos anteriores a expectativa de vida medida pelo IBGE aumentou para a maior parte das faixas etárias porque era feita com base em estimativas. Isso provocou redução do valor das novas aposentadorias. Este ano houve redução na faixa acima dos 55 anos porque os dados foram "corrigidos" ao incorporar o levantamento do censo demográfico de 2010.

A nova tábua de mortalidade mostra que, no ano passado, a esperança de vida ao nascer no Brasil era de 74 anos e 29 dias, alta de três meses e 22 dias em relação a 2010, e crescimento de três anos, sete meses e 24 dias em relação a 2000.

"Foi um acréscimo pequeno em relação a 2010, mas grande em relação a 2000", afirma o gerente da coordenação de população e indicadores sociais do IBGE, Fernando Albuquerque. "São fatores como aumento da renda, melhora na educação e no saneamento básico, que, juntos, explicam o aumento na expectativa de vida da população brasileira", disse ele.

Entre os sexos, o aumento na expectativa de vida foi maior para os homens, no período 2000-2011, com alta de 3,8 anos. Já as mulheres tiveram um ganho de 3,4 anos, no mesmo período. Apesar disso, em 2011, um recém-nascido do sexo masculino tinha a expectativa de viver 70,6 anos, abaixo dos 77,7 anos esperados para uma criança do sexo feminino. "Os ganhos maiores na população masculina se devem a uma queda da mortalidade por violência, na faixa de adultos jovens. A mortalidade masculina sempre foi superior à feminina", afirmou Albuquerque.