Título: IGP-M cai 0,03% e ciclo de deflação se encerra
Autor: Martins, Arícia
Fonte: Valor Econômico, 30/11/2012, Brasil, p. A5

A deflação de 0,03% do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) em novembro foi reflexo de um último ajuste após forte escalada dos produtos agropecuários, mas o ciclo de correção já se esgotou e tudo indica que, daqui para frente, os IGPs sairão do patamar negativo. A avaliação é de Salomão Quadros, da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Em outubro, o IGP-M havia subido 0,02%. Embora os resultados finais tenham sido bastante parecidos - com peso de 60% no IGP-M, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) também ficou praticamente estável, ao registrar queda de 0,19%, ante retração de 0,20% no mês passado - Quadros ponderou que os componentes da inflação no atacado mostraram mudança significativa e reforçam que o período de deflações ficou para trás.

Para o economista, essa expectativa é confirmada pela reversão na trajetória das matérias-primas brutas agropecuárias, que deixaram contração de 0,39% para alta de 0,07% entre outubro e novembro, puxadas pelo milho (menos 3,87% para 4,11%) e pela soja, que teve deflação diminuída de 6,5% para 3,5%. "As matérias-primas agropecuárias haviam subido muito por efeito do choque, depois caíram para ajustar os preços e isso já acabou. Não havendo mais um fator primário causador de deflação em dezembro, a tendência é que ela desapareça", diz Quadros.

Nos bens finais, cuja taxa cedeu 0,5% em novembro e explicou 0,18 ponto percentual do recuo do IPA, o coordenador também espera que os preços parem de cair no próximo mês, em resposta à estabilidade que as matérias-primas devem mostrar daqui em diante. Neste mês, a descompressão dos bens finais foi puxada pelos alimentos processados, que, depois de subirem 0,74% em outubro, recuaram 0,79% na medição atual.

Com participação de 30% no IGP-M, o Índice de Preços ao Consumidor - Mercado (IPC-M) cedeu de 0,58% para 0,33% entre outubro e novembro, puxado principalmente pelo grupo alimentação, que refletiu a perda de fôlego observada no atacado e passou de 1,08% para 0,08%. Essa variação, segundo Quadros, foi responsável por 0,24 ponto percentual do IPC, mas, a exemplo dos preços ao produtor, também não deve mais ser observada.