Título: Inflação em SP sobe 6,5% em 2004 pressionada por preços administrados
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 07/01/2005, Brasil, p. A3

A inflação na cidade de São Paulo fechou o ano com alta de 6,56%, a menor desde 2000, ainda que levemente acima das expectativas da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que previa 6%. Mais uma vez, os grandes vilões foram os preços administrados. De acordo com cálculos do coordenador da pesquisa de preços, Paulo Picchetti, 16 itens, de um total de 525, sendo 14 administrados e dois livres (educação e cigarros), responderam por quase metade, 44,5%, da inflação acumulada no ano pelo índice de preços ao consumidor (IPC) da Fipe. Os impactos mais fortes ficaram com a gasolina e os contratos de assistência médica. O primeiro item subiu 15,51%, enquanto os gastos com saúde cresceram 13,1%, sendo que ambos contribuíram com 0,41 ponto percentual no acumulado do ano. A maior variação percentual foi verificada nos preços do álcool combustível, que ficou 28,9% mais caro e trouxe mais 0,16 ponto percentual para a inflação de 2004. Outras pressões vieram dos reajustes de telefonia fixa, 14,2% e contribuição de 0,33 ponto percentual, dos custos de água e esgoto, que subiram 12,92%, representando 0,29 ponto percentual, e dos cigarros, que sofreram aumento de 14% e agregaram mais 0,20 ponto percentual ao IPC. Para 2005, a alta de preços deve ser novamente puxada pelos preços administrados, prevê Picchetti. Na sua opinião, enquanto contratos como os de telefonia fixa e energia forem reajustados pelos IGPs (índices gerais de preços, da Fundação Getúlio Vargas), haverá "uma distorção de preços relativos, pois o governo reajusta os serviços de água e esgoto com base na alta do aço no mercado internacional". Mais uma vez o economista defende a criação de índices setoriais para os reajustes. A previsão para este ano é de inflação entre 5% e 5,5%. Em janeiro, o IPC deve chegar a 0,6%, pressionado por fatores temporais, como o aumento das mensalidades escolares, além do pagamento do IPVA e do seguro obrigatório de veículos. Esses dois itens, mais elevação de preços em viagens e telefonia já somam 0,35 ponto percentual.