Título: Haddad negocia com Lula e Dilma composição política de sua gestão
Autor: Agostine , Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 14/11/2012, Política, p. A12

O prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), articula com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com a presidente Dilma Rousseff a participação dos partidos aliados ao governo federal em sua gestão. O anúncio dos secretários políticos só será feito depois de concluídas as conversas com ambos. O petista ouvirá seus padrinhos políticos também para definir qual será o papel do PSD do prefeito da capital, Gilberto Kassab, em sua administração. Haddad e Kassab viajarão juntos, na segunda-feira, para Paris.

Ontem Haddad reuniu-se com Lula na sede do Instituto Lula, na capital. Hoje, acompanhará Dilma em evento na cidade.

Haddad deve anunciar na próxima semana os secretários políticos de sua gestão. Na segunda-feira indicou os titulares de cinco Pastas. Quatro deles são técnicos.

A participação do PSD e do PMDB é negociada de forma paralela às conversas de Dilma com os dois partidos, que almejam ministérios no governo federal. Na segunda-feira Kassab jantou com a presidente, em Brasília, para anunciar a adesão do PSD ao governo e o apoio à reeleição da presidente em 2014. Em São Paulo, o prefeito mantém conversas frequentes com Haddad. Na próxima semana estarão juntos em Paris para defender a candidatura da capital à World Expo 2020, exposição mundial de projetos urbanos.

Ainda não está definido se o PSD terá uma secretaria na gestão Haddad. O prefeito preocupa-se em atrair a legenda, que tem a terceira maior bancada de vereadores, para ajudar na governabilidade no Legislativo.

O PMDB terá pelo menos uma secretaria na capital, mas as negociações ainda estão em andamento. Ontem Haddad reuniu-se com a bancada de vereadores pemedebistas. Na semana passada o prefeito eleito já havia negociado com o presidente municipal do partido, deputado Gabriel Chalita (PMDB), que apoiou o petista no segundo turno eleitoral. O partido almeja uma pasta de destaque, como Saúde, mas o PT resiste. Uma das possibilidades estudadas é a nomeação de Chalita para o Ministério da Ciência e Tecnologia e a indicação do PMDB para a Secretaria de Assistência Social.

O PSB deve ficar com Cultura, com a possível nomeação do vereador Eliseu Gabriel, presidente municipal da legenda. O PCdoB, que já tem a vice de Haddad, deve ser contemplado com a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, a ser criada, com a indicação do vereador Netinho de Paula. A nomeação do parlamentar abriria uma vaga na Câmara Municipal para o ex-ministro Orlando Silva, que está na suplência. O partido almeja também a São Paulo Turismo, para comandar o Anhembi.

O PP negocia Habitação e Transportes, mas o PT quer ficar com essas suas secretarias. Haddad articula com o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, a participação do partido em seu governo. Em contrapartida aos pedidos do PP, petistas afirmam que no Ministério das Cidades a área de Habitação é comandada por Inês Magalhães, indicada pelo PT, e que esse modelo deve ser mantido na capital paulista. O mais por cotado para assumir o cargo, se a Pasta ficar com o partido, é o deputado estadual Simão Pedro. O partido insiste em ficar com Transportes, área estratégica e com alto Orçamento.

Haddad já definiu que Educação ficará com o PT e o nome a ser confirmado deve ser o da secretária de Educação de São Bernardo do Campo, Cleuza Rodrigues Repulho, conforme informou o Valor. Cleuza tem bom trânsito dentro do PT. Outro nome da prefeitura de São Bernardo do Campo, comandada pelo prefeito Luiz Marinho, também é cogitado por petistas: o atual secretário de Saúde, Arthur Chioro dos Reis, poderia assumir a mesma Pasta na capital. Sua atuação foi marcada pela atração de recursos do governo federal para a cidade, que resultaram em oito UPAs e na reforma de 14 unidades de saúde. No entanto, é improvável que Haddad leve para seu governo dois secretários de Marinho. O mais cotado para a secretaria de Saúde é o deputado federal petista José de Filippi Jr., ex-prefeito de Diadema. O parlamentar é engenheiro civil e foi coordenador do programa de governo de Haddad.