Título: Bovespa deve se ajustar à virada das bolsas nos EUA
Autor: Takar , Téo
Fonte: Valor Econômico, 14/11/2012, Finanças, p. C2

A bolsa brasileira finalmente respirou ontem após quatro pregões seguidos de baixa. A melhora ocorreu na última hora do pregão doméstico e descolada dos mercados americanos, que tiveram um dia apático até as 17 horas, quando a bolsa fechou por aqui. Mas a história mudou por lá no fim do dia e o reflexo do descolamento de duas horas entre o funcionamento entre Bovespa e Wall Street ficou ainda mais evidente.

O Ibovespa terminou em alta de 0,74%, aos 57.486 pontos, com Vale PNA valorizando 0,74%, a R$ 36,30 e Petrobras PN subindo 0,14%, a R$ 20,47. O giro ficou em R$ 6,1 bilhões. Naquele momento, Dow Jones e S&P 500 tinham leve alta e o Nasdaq mostrava perda. No fechamento de Wall Street (às 19 horas), o Dow Jones recuou 0,46%, Nasdaq caiu 0,70% e S&P 500 perdeu 0,40%.

Petrobras e Vale reagiram à virada externa no "after market" da Bovespa, com quedas de 1,02% e 0,91%, respectivamente. Mas como as variações do pregão noturno não contam como preço de fechamento, os investidores certamente iniciarão o pregão de hoje ajustando os papéis do índice para baixo.

O movimento da Bovespa foi interpretado por analistas como uma correção técnica, já que nada mudou nos fundamentos. "O mercado continua trabalhando com o modo cautela acionado", resumiu um especialista. Apesar da alta do Ibovespa, operadores afirmaram que os estrangeiros continuaram atuando forte na ponta vendedora. Os ganhos, portanto, teriam sido impulsionados pelos investidores locais, especialmente fundos.

O clima externo ao longo do dia foi relativamente tranquilo, com os investidores mais otimistas após o forte balanço da varejista americana Home Depot. No fim do dia, as bolsas americanas apontaram para baixo, com a volta das preocupações sobre o "abismo fiscal".

A lista de ganhos do Ibovespa foi puxada por Transmissão Paulista PN (9,93%), seguida de Gafisa ON (6,31%), Fibria ON (5,80%) e Suzano PNA (5,38%). Pelo menos três casas - Credit Suisse, Barclays e Bank of America Merrill Lynch - elevaram a recomendação das ações da Transmissão Paulista após o conselho de administração da companhia recomendar aos acionistas que não aceitem a proposta do governo para renovação das concessões que vencem entre 2015 e 2017, a chamada MP 579.

Apesar de positiva no curto prazo, o analista Vinicius Canheu, do Credit Suisse, observou que a decisão da Transmissão Paulista de não renovar as concessões poderá reduzir significativamente o tamanho da empresa a partir de 2015, caso ela não busque outros ativos para incorporar ao portfólio.

A Gafisa conseguiu reverter o prejuízo e lucrar R$ 4,8 milhões no terceiro trimestre. Para o analista Erick Scott Hood, da SLW, a companhia já enfrentou seu pior momento ao reorganizar a Tenda e agora deve colher os frutos desse ajuste, com aumento de rentabilidade nos próximos trimestres. Em teleconferência, a Gafisa afirmou que a dificuldade para voltar a lançar empreendimentos da Tenda é o rigor que a empresa está impondo para que os projetos possam ser apresentados ao mercado.

Na ponta negativa da bolsa ficaram Dasa ON (-5,32%), Vanguarda Agro ON (-2,63%) e Klabin PN (-2,63%). O lucro da Dasa caiu 52,4%, para R$ 26,9 milhões. A empresa cancelou contratos com cinco hospitais no trimestre e disse que está mais rigorosa nas negociações.