Título: Construtora Delta tem novo presidente
Autor: Paola de Moura
Fonte: Valor Econômico, 14/11/2012, Empresas, p. B11

Em menos de um ano, a Delta Construção troca de presidente pela segunda vez. A empresa, envolvida no escândalo do bicheiro Carlinhos Cachoeira, está em recuperação judicial e tentando se reestruturar. O novo presidente Dionísio Janoni Tolomei, ocupava o cargo de diretor de Operações Regional do Sul e Sudeste da companhia. Ele substitui Carlos Alberto Verdini, que havia assumido em abril.

Antes de ser diretor de Operações, Dionísio Janoni cuidava da área comercial da empresa, sendo responsável entre outras funções, pela elaboração dos contratos. Dionísio sempre foi muito próximo do ex-presidente e dono do grupo, Fernando Cavendish, com escritórios lado a lado na sede do Rio.

No auge de suas operações, em 2010, a Delta chegou a ser a sétima maior companhia no setor de construção do país, com receita líquida de R$ 1,96 bilhão.

No ano passado, a empresa teve faturamento de R$ 2,3 bilhões e neste ano deverá ficar abaixo de R$ 2 bilhões. Para 2013, deverá encolher para R$ 1,2 bilhão.

Nos últimos meses, a empresa vem tentando se recuperar economicamente dos baques que sofreu por perder a maior parte de seus contratos com governo do Estado. A maioria suspensos para investigações de valores.

Em junho, o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, declarou a empresa inidônea para ter contratos com a Administração Pública. Com a decisão, a empresa ficou impedida de participar de novas licitações e ser contratada pelo governo.

Além disso, muitos governos suspenderam os pagamentos para investigar os contratos. A Petrobras, por exemplo, rescindiu o contrato da construção do Comperj por atrasos na obra. Sem verba para pagar seus funcionários, a companhia deixou grandes obras como a do Maracanã.

Em maio, chegou a ser anunciada a compra da empresa pela holding J&F, que controla o frigorífico JBS, com o aval do governo. No entanto, quase um mês depois a empresa desistiu em função da crise na construtora.

Em junho, foi decretada a recuperação judicial pela 5ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. A proposta apresentada pelos escritório Alvarez & Marçal prevê alongamento dos prazos aos credores. A empresa pede carência no pagamento da maior parte da dívida até julho de 2014, mesmo mês em que termina o prazo da declaração de inidoneidade, que a impede de participar de novas licitações. A dívida da Delta chega a R$ 170 milhões. Cerca de R$ 120 milhões, o equivalente a 70%, serão pagos a partir de agosto de 2014, segundo a proposta. O pagamento ocorrerá em parcelas mensais, ao longo de sete anos. A dívida está concentrada em quatro grandes bancos: Bradesco, Santander, Banco do Brasil e HSBC, nesta ordem.

O novo presidente chegou a ser arrolado em ação judicial de improbidade administrativa pelo Ministério Público de Goiás, mas foi excluído do processo pelo juiz Ari Queiroz, da 3ª Vara de Fazenda Pública Estadual, por ilegitimidade passiva e ausência de demonstração de dolo.

Consultada pela reportagem do Valor, a Delta Construções informou apenas que está em recuperação judicial, que passa por um processo de reestruturação e está tentando derrubar no Superior Tribunal de Justiça o decreto de inidoneidade.