Título: Irã representa 7% do preço global do petróleo
Autor: Capela, Maurício
Fonte: Valor Econômico, 05/04/2007, Empresas, p. B7

Pelo menos 7% do atual preço do barril de petróleo no mercado internacional tem razões na crise envolvendo o Irã e a Inglaterra, por conta da prisão de 15 militares britânicos que estariam navegado em águas iranianas sem autorização. Tanto que analistas ouvidos pelo Valor calculam que a commodity teria hoje embutido na sua cotação entre US$ 4 e US$ 8 desde o impasse.

"Esse valor pode variar de acordo com a referência. Se tomarmos por base o preço de US$ 68, acredito que exista US$ 8 de prêmio por conta da crise envolvendo o Irã", afirma o economista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE). Já Luiz Otávio Broad, analista da Ágora Corretora, calcula que a diferença existente entre o preço do produto negociado em Nova York, mais barato, e o de Londres reflete o prêmio.

A distância entre as cotações na em Nova York e em Londres existe e tem aumentado nos últimos dias. Ontem, por exemplo, a commodity WTI para maio deste ano foi negociada a US$ 64,38 em Nova York, queda de 26 centavos de dólar. Já em Londres, o produto tipo Brent também para maio foi vendido a US$ 68,40, alta de 59 centavos de dólar.

"Penso que a crise do Irã trouxe um prêmio para o Brent de US$ 4", afirma Broad. Para Rick Mueller, analista da Energy Security Analysis, na Holanda, o prêmio decorrente deste impasse deve estar oscilando entre US$ 3 e US$ 4.

Adriano Pires é enfático em dizer que o mercado atual de petróleo vive um momento de extrema oscilação. E diz que se combinada a oferta, demanda e o crescimento da economia no mundo não há porque a commodity ser negociada a valores superiores a US$ 60.

No entanto, alguns indicadores da economia americana demonstram que os preços poderão se manter elevados no curto prazo. Há uma forte demanda por gasolina nos Estados Unidos, decorrente da proximidade do verão no Hemisfério Norte. Os estoques caíram 5,03 milhões de barris, fechando em 205,2 milhões na semana terminada em 30 de março deste ano. Nas últimas oito semanas, contudo, as reservas diminuíram 9,7%.

Além disso, existem os cortes de produção que foram promovidos pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Responsáveis por 41% do abastecimento global, a entidade imprimiu uma redução de 190 mil barris por dia, o que reduziu sua média de produção em março deste ano para 29,88 milhões de barris.

O analista da Ágora diz que poderá revisar a projeção para o preço médio em 2007. "Projetávamos um valor médio de US$ 57 para o tipo WTI, mas poderemos subir para US$ 60", afirma Broad.

No Brasil, as recentes altas não foram sentidas, já que a Petrobras decidiu manter os preços do litro da gasolina e do óleo diesel alheios às oscilações internacionais. Cálculo feito pela CBIE demonstra, que sem a margem da distribuidora e sem impostos, o litro da gasolina e do diesel é quase o mesmo no Brasil e no golfo americano.

Atualmente, um litro de óleo diesel no país é de 56 centavos de dólar, contra 57 centavos de dólar naquela região. Já a gasolina custa 48 centavos de dólar, o mesmo valor no golfo dos Estados Unidos. (Com agências internacionais)