Título: Ministério defende seu sistema de vigilância sanitária
Autor: Mendes, Luiz Henrique
Fonte: Valor Econômico, 21/12/2012, Agronegócios, p. B16

O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Ênio Marques, disse ontem, em Genebra, que o Brasil estará "à disposição para sofrer uma auditoria" em seu sistema de vigilância sanitária após o exame que o comitê científico da Organização Mundial de Saude Animal (OIE) realizará em fevereiro sobre o status brasileiro de "país com risco insignificante" para a doença da "vaca louca".

Para o secretário, o comitê segue um roteiro e "não pode sair inventando", e o Brasil está tranquilo sobre a manutenção do seu status, como confirmado pela própria OIE quando recebeu a notificação do caso confirmado no Paraná no dia 7 de dezembro. "O sistema de vigilância sanitária no Brasil é muito forte", afirmou. "Para obter status de risco insignificante, é preciso fazer pontuação de 300 mil pontos na vigilância definida pela OIE, e o Brasil fez 2 milhões de pontos".

Segundo Marques, o fato de o país ter feito 600% a mais de pontos do que o necessário - encefalopatia espongiforme bovina (BSE, na sigla em inglês) - não alteram a estratégia de prevenção adotada pelo Brasil, mesmo diante da atual ocorrência. O Ministério da Agricultura fará "relatório de seguimento" para o comitê cientifico da OIE, antecipando-se a algumas questões para facilitar as discussões em fevereiro. Em seguida, o envio de uma missão técnica ao Brasil será uma formalidade e ajudará o país a reafirmar a firmeza de seu sistema, segundo Pereira.

Ontem, em Paris, estava planejado que o diretor de Saúde Animal do ministério, Guilherme Marques, informaria ao diretor-geral da OIE o resultado final do exame do laboratório britânico Weybridge sobre o caso no Paraná. Segundo Ênio Marques, o laudo indica que "tudo leva a crer" que o príon encontrado tem características que sinalizam ser do tipo H (atípico), e não do tipo C, que é o do padrão clássico da "vaca louca" (mais perigoso para a contaminação da cadeia alimentar).

No encontro em Genebra com representantes de vários países importadores da carne brasileira, surgiram de novo perguntas sobre a demora nos testes da ocorrência paranaense. O secretário admite que houve um erro de comunicação na notificação à OIE, que começa mencionando a data de 18 de dezembro de 2010 como se, naquele momento, o Brasil soubesse que se tratava de um caso de "vaca louca". Na verdade, disse, o caso foi identificado em junho deste ano.

Além disso, o ministério rastreou o pequeno rebanho da proprietária da vaca morta aos 13 anos no município de Sertanópolis e abateu os outros nove animais depois de ter realizado testes que confirmaram que eles não tinham a doença.

Em nota, o Ministério da Agricultura informou que Ênio Marques e Guilherme Marques estarão nesta sexta-feira em Paris em audiência com o diretor-geral da OIE, Bernard Vallat, para tratar da participação brasileira no Fundo Global de Cooperação Internacional na área de saúde animal. O Brasil prometerá ajuda de US$ 1 milhão, contribuição que precisará ser confirmada pelo Senado. No paragrafo seguinte, a nota do ministério informa que, na ocasião, o diretor-geral da OIE "estará à disposição de jornalistas internacionais para reafirmar que o Brasil tem um sistema de vigilância sanitário robusto e que os produtos brasileiros são seguros para consumo". De acordo com o ministério, foi o próprio Vallat quem se ofereceu para conceder a entrevista.