Título: Empresas dão preferência a ações e derrubam a emissão de debêntures
Autor: Silva Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 28/03/2007, Finanças, p. C2

As emissões de debêntures tiveram forte queda no começo do ano. De janeiro até ontem, apenas três empresas emitiram um total de R$ 567,3 milhões. No mesmo período do ano passado, foram sete lançamentos que somaram R$ 4,7 bilhões, dos quais nenhum foi do setor de leasing, que costuma fazer lançamentos bilionários e engordar os números do setor.

Para os especialistas, as empresas estão preferindo emitir ações em vez de debêntures, devido a janela de oportunidade. "É natural que neste momento as empresas troquem as operações de dívidas pelas de equity (ações)", avalia o vice-presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), Luiz Fernando Resende.

Este ano, em apenas três meses, as vendas de ações ultrapassaram os R$ 5 bilhões. Ao todo, 13 empresas venderam ações até agora. Resende prevê que pelo menos mais 30 devem vir a mercado este ano. As ofertas de renda variável cresceram 121% em 2006 e movimentaram R$ 31,3 bilhões.

O setor de construção civil foi o líder em captação em 2006, com 19% deste total. Por esse motivo, Resende prevê espaço menor para novas captações do segmento imobiliário. Ele avalia que o mercado "acendeu a luz amarela" para o setor, já muito exposto na bolsa. A oferta de ações da construtora Even, que reduziu na semana passada a quantidade de ações que irá lançar, já é um indicativo deste desaquecimento.

Sobre as debêntures, apesar do desaquecimento do início do ano, Resende acha que o mercado deve voltar a ficar aquecido e repetir o desempenho do ano passado. Dentro da renda fixa, os fundos de recebíveis tendem a ser cada vez mais procurados, avalia.

As debêntures renderam R$ 69,5 bilhões às empresas em 2006, alta de 67%. Tirando o setor de leasing, o maior emissor, com 61% dos lançamentos, o aumento foi de 87%. A maior parte dos recursos, 42%, foi usado para reforço do capital de giro. O destaque foi o uso de 39% para aquisição de participações acionárias. Já as emissões feitas este ano, 47% foi usado para alongamento do perfil da dívida.

Sem considerar as operações de leasing, o prazo médio das debêntures emitidas subiu da casa dos 3 anos para 5 anos. Além do prazo maior, as empresas também estão conseguindo custos mais baixos. A remuneração média dos papéis, que chegou a 113,1% da taxa DI em 2004 caiu para 101,7% em 2006 e para 104,7% este ano, segundo os cálculos da Anbid.

A Anbid também divulgou os rankings dos bancos que mais coordenaram operações em 2006. Na renda variável, não houve surpresa. O Credit Suisse manteve o primeiro lugar disparado, com 35% do mercado.

Já na renda fixa, o Banco do Brasil ultrapassou os tradicionais concorrentes Itaú BBA e Bradesco e assumiu a liderança, com 23% do mercado. Nos fundos de recebíveis, o Itaú BBA manteve a liderança, com 43% das operações.