Título: Chuvas voltam a castigar o Rio
Autor: Moura, Paola de; Martins, Diogo
Fonte: Valor Econômico, 04/01/2013, Brasil, p. A4

Janeiro, o mês das chuvas, é também o mês da tragédia anunciada no Estado do Rio. Foi no réveillon de 2010 que 11 pessoas morreram soterradas no morro do Carioca em Angra dos Reis e outras 31 pessoas na enseada do Bananal, na Ilha Grande. Um ano depois, houve a maior tragédia da história do Estado, com mais de 800 vítimas fatais na região Serrana do Rio. No ano passado, as enxurradas se deslocaram para o norte fluminense. Apesar disso, pouca coisa foi feita para evitar novas tragédias e os problemas se repetem: ocupação irregular, lixo nas ruas, rios soterrados e falta de conservação são alguns deles. Neste ano, as chuvas voltaram a Angra dos Reis, à Região Serrana e à Baixada Fluminense. Até ontem uma pessoa havia morrido e oito haviam desaparecidas, além de haver mais de 1.200 desabrigados.

Em Xerém, distrito de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, a chuva que caiu na madrugada de ontem provocou uma tromba d"água que arrastou casas, carros e levou terra à altura das janelas das casas.

Em Angra dos Reis, 172 pessoas estão desalojadas. As águas desceram torrencialmente das encostas. Em Mangaratiba, também na Costa Verde, o número de pessoas que precisaram deixar suas casas chega a 130, sendo 113 foram a abrigos e 17 ficaram com parentes. Em Teresópolis, 50 pessoas perderam suas casas. Já em Petrópolis, são 40 pessoas desalojadas.

Neste ano, o governador Sérgio Cabral (PMDB) agiu rapidamente e criou um Gabinete de Crise no Centro Estadual de Gestão de Desastres (Cestad). O secretário de Defesa Civil, Sérgio Simões, acompanhará as ocorrências provocadas pelas chuvas e definirá um plano de trabalho em conjunto com as secretarias estaduais de Saúde, Obras, Assistência Social, Educação, Meio Ambiente e com o Departamento de Recursos Minerais. Hoje, Cabral se reunirá com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, no Palácio Guanabara, para discutir medidas emergenciais.

A Secretaria Estadual de Obras informou estar investindo R$ 550 milhões na construção de 5.304 casas só na Região Serrana. No entanto, houve muitos problemas para encontrar terrenos fora de áreas de risco. Só em maio do ano passado, as obras se iniciaram e dois prédios estão prestes a ser entregues.

O governo do Estado também se focou em investimentos em contenção de encostas, num total de R$ 147 milhões gastos em 45 diferentes locais. Ainda está prevista a aplicação de outros R$ 282,5 milhões provenientes do governo federal. Também foram reconstruídas 50 pontes na Região Serrana e outras 50 estão com obras em andamento.

No entanto, quem anda por Friburgo e Teresópolis tem a sensação que ainda falta muito. Há grandes pedras soltas na rodovia que liga as duas cidades, casas habitadas penduradas em ribanceiras e na beira do rio Bengalas, que corta Friburgo.

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) colocou todos os rios da Baixada em alerta máximo. O prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso (PSB), recém-empossado, decretou estado de emergência e pediu aos que moram na beira dos rios deixem suas casas. Na Região Serrana há previsão de fortes chuvas hoje.