Título: Chávez está melhor e já caminha, afirma vice
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Fonte: Valor Econômico, 26/12/2012, Internacional, p. A8

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que se recupera de uma cirurgia para tratar um câncer em Cuba, passou orientações sobre política econômica por telefone desde Havana, disse ontem o vice-presidente Nicolas Maduro, em um pronunciamento à TV estatal.

Maduro afirmou ter conversado por telefone durante 20 minutos com Chávez, que, segundo ele, estava de bom humor e caminhando. "Chávez passou o dia com sua família. Ele conversou por 15 minutos sobre instruções econômicas", afirmou o vice.

Maduro não deu mais detalhes sobre que orientações teria passado Chávez, que não fez nenhuma aparição pública desde que retornou a Cuba após ter anunciado o ressurgimento de células malignas em seu corpo, no início deste mês.

O sumiço de Chávez - e a falta de informações confiáveis sobre seu estado de saúde - coloca um ponto de interrogação sobre o futuro político da Venezuela. Reeleito em 7 de outubro para um novo mandato de seis anos, sua posse está marcada para 10 de janeiro.

Pela Constituição venezuelana, se o presidente estiver impossibilitado de tomar posse, uma nova eleição deve ser marcada dentro de 30 dias. Mas, nas últimas semanas, aliados do presidente vêm afirmando que a regra é "flexível" e levantando alternativas para manter o presidente reeleito no poder, caso ele não possa estar em Caracas no dia marcado para a cerimônia.

Anteontem, Maduro afirmou que Chávez poderia se juramentar perante a corte mais alta do país após essa data. "Se a autorização [legal para seu tratamento em Cuba] se estender para depois de 10 de janeiro, a Constituição seria ativada e seguramente ele teria que fazer o juramento ante o Tribunal Supremo de Justiça", disse Maduro. "De qualquer forma, haverá continuidade, porque o povo reelegeu um presidente em 7 de outubro e ratificou um caminho."

O presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, disse na semana passada que a data de posse não estava "gravada em pedra". Sob a lei venezuelana, se Chávez renunciar antes de 10 de janeiro, Maduro cumpriria o restinho de mandato, passando o poder a Cabello, que deveria chamar eleições em 30 dias. Segundo Cabello, se Chávez não puder inaugurar um novo mandato, mas não renunciar, o presidente da Assembleia nacional deve determinar se a ausência é temporária ou absoluta. Ainda de acordo com Cabello, uma nova eleição somente será convocada se Chávez disser que não poderá assumir o cargo e voluntariamente renunciar.

Anteontem, o ministro da Informação Ernesto Villegas disse que Chávez, que vem apresentando uma "melhora gradual", recebeu a orientação de médicos para descansar.

Segundo Villegas, o líder venezuelano tem estado em contato com familiares e vem analisando os resultados das eleições regionais de 16 de dezembro, em que os governistas levaram 20 dos 23 Estados em disputa.

Um dos principais líderes da oposição, e derrotado por Chávez nas eleições de outubro, o governador de Miranda Henrique Capriles disse nesta semana que Chávez pode permanecer no cargo de presidente do país, ainda que ele não tome posse em 10 de janeiro. "Se o presidente não puder ser apresentar no dia 10 de janeiro perante a Assembleia Nacional, a Constituição tem as respostas", disse Capriles à rede de TV Globovisión. "A princípio, a ausência temporária se aplica [nesse caso]", afirmou.