Título: PIB venezuelano sobe com gasto pré-eleitoral
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Fonte: Valor Econômico, 28/12/2012, Internacional, p. A13

A economia da Venezuela registrou um crescimento de 5,5% este ano, uma vez que a farra de gastos governamentais antes das eleições de outubro gerou um surto de crescimento da construção civil, segundo estimativas do banco central do país.

A construção civil cresceu 16,8% e os serviços governamentais tiveram uma expansão de 5,2%, disse o presidente do BC venezuelano, Nelson Merentes, com base em dados preliminares. Os dados oficiais do Produto Interno Bruto (PIB) serão divulgados no fim de fevereiro.

"Basicamente o setor público está promovendo o crescimento por meio de gastos e investimentos, óbvios devido ao desempenho do setor de construção", disse Asdrúbal Oliveros, diretor da consultoria financeira Ecoanalitica, em entrevista por telefone. "Este foi ano de eleições presidenciais e, naturalmente, o governo iria injetar gastos na economia."

O presidente Hugo Chávez elevou os gastos com habitação para a população de baixa renda e os salários antes das eleições, realizadas em 7 de outubro. Isso ampliou o déficit público para cerca de 8,8% do PIB este ano, segundo cálculos do Bank of America.

O PIB do setor não petrolífero cresceu 5,7% este ano, enquanto o setor petrolífero computou aumento de 1,4%, segundo o BC. O comércio se expandiu 9,2%, as comunicações, 7,2%, a área de transportes e armazenagem, 5,3% e a indústria de transformação, 2,1%.

"O setor privado representou uma porcentagem de crescimento maior do que sua dimensão na economia, e o mesmo ocorreu no caso do setor não petrolífero", disse ontem o ministro da Fazenda, Jorge Giordani, em transmissão pela TV estatal. "Estamos assistindo à reativação da economia venezuelana."

A Venezuela, um dos maiores produtores de petróleo do mundo, registrou um crescimento de 4,2% em 2011, após sua economia ter sofrido uma retração de 3,3% em 2004 e de 1,4% em 2010.

Merentes preferiu não comentar futuras medidas econômicas, como quaisquer possíveis mudanças dos controles cambiais do país.

Depois das eleições de 7 de outubro, os gastos do governo devem ter recuado cerca de 11,2% no quarto trimestre, no comparativo com o mesmo período do ano passado, estimou na quarta-feira o Mercantil Banco Universal.

Os gastos foram sustentados este ano pelo preço médio do petróleo para exportação, de US$ 103,54 o barril, segundo o site do Ministério do Petróleo venezuelano.

A vitória do governo nas eleições presidenciais, em 16 de dezembro, aumentou as chances de que ele promova uma desvalorização do bolívar "o quanto antes", disseram em nota os analistas Alejandro Arreaza e Alejandro Grisanti, do Barclays.