Título: Instituição passa por guinada histórica
Autor: Lucchesi, Cristiane Perini
Fonte: Valor Econômico, 08/03/2007, Finanças, p. C12

Para Yassine Bouhara, chefe da área de renda variável mundial do Deutsche Bank, o banco mudou muito desde meados dos anos 90, quando chegou a ter alguma atuação no mercado de ações brasileiro. "Naquela época, nós éramos outra firma, outro banco." Por isso, ele considera que a ampliação que o Deutsche pretende agora não é uma "volta" ao Brasil, mas sim "uma primeira grande investida de um novo banco de investimento global de capital alemão no país".

A transformação do Deutsche sob o comando do controverso banqueiro suíço Josef Ackermann realmente tem sido impressionante. Como CEO do Deutsche desde 2002, Ackermann promoveu uma forte guinada de direção do banco alemão, antes com foco no varejo, para a área de banco de investimento, principalmente mercado de capitais, que no Deustche é chamada de "global markets" ou mercados globais.

No ano passado, 8% das receitas líquidas do gigante alemão vieram do banco de investimento. Segundo Bouhara, o Deutsche já é o maior banco de investimento da União Européia e o segundo maior banco em vendas e negociação de título de renda fixa, câmbio e ações, posição conquistada nos últimos dez anos. "Há dez anos, não estávamos nem entre os 20 primeiros", conta ele, para completar que "8% de nossas receitas vêm de negócios que não tínhamos há dez anos". O Deutsche deixou de ser um banco regional comercial, com algumas ligações globais, e se tornou um banco de investimento realmente global.

Ackermann enxugou pessoal, sob o protesto dos mais de 20 mil demitidos, e unificou o banco de investimento com a área de mercados globais. Mas, agradou os acionistas: conseguiu um aumento do retorno sobre o capital de 5% para 30% no ano passado. Muitos dizem que o coração do Deutsche mudou de Frankfurt para Londres e que o chefe mundial de mercados globais, o indiano Anshu Jain, tem cada vez mais poder. E Jain, chefe direto de Bouhara, quer crescer nos mercados emergentes. Com renda variável, o Deutsche obteve ? 4,6 bilhões no ano passado. No Brasil, o banco de capital é dirigido, desde o ano passado, por Alexandre Aoude.(CPL)