Título: Ceará Steel propõe fornecer placas da Coréia à Petrobras
Autor: Rittner, Daniel
Fonte: Valor Econômico, 08/03/2007, Empresas, p. B7

Os sócios da Ceará Steel negociam com a Petrobras a venda de 100 mil toneladas por ano de placas de aço, com desconto de 40% sobre os preços de mercado, para abater o gasto com o fornecimento de gás à siderúrgica pela estatal. A usina deverá iniciar o consumo de gás para produzir aço somente daqui a três anos, mas os investidores da empresa estão dispostos a iniciar imediatamente o suprimento de placas à Petrobras, importando o material da fábrica da Dongkuk na Coréia, segundo informou ao Valor o secretário do Conselho de Desenvolvimento Econômico (CDE) do Ceará, Ivan Bezerra.

Essa solução é bem vista pelo ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, que reconhece até mesmo a hipótese de entrada da Petrobras no capital da Ceará Steel. "Existe essa possibilidade", disse. De acordo com o ministro, a estatal pode usar as placas de aço na fabricação de plataformas de exploração de petróleo e de navios pela Transpetro. "Existe uma discussão que precisa ser trabalhada, mas acredito que poderemos encontrar uma solução para equilibrar o empreendimento", disse.

Na reunião de terça-feira que teve com os 27 governadores para discutir a reforma tributária, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma rápida conversa com Cid Gomes (PSB-CE) e teria garantido ao governador cearense que a usina vai sair do papel. Lula perguntou a Cid como anda o projeto e ele respondeu que as negociações estavam "duras". O presidente, então, teria tranqüilizado o aliado político e assegurado que o problema será resolvido. A questão tem sido objeto de forte pressão da bancada cearense no Congresso.

Mas o clima no governo do Ceará não melhorou. O secretário Bezerra afirmou que a Petrobras tem agido com "má vontade total" com relação ao empreendimento. A pedido da estatal, uma visita de técnicos da empresa a Fortaleza para retomar as discussões sobre o preço do gás foi adiada de hoje para sexta-feira ou segunda. "A Petrobras vai ver os investimentos fixos que o Ceará já fez", afirmou Bezerra.

A Ceará Steel pretende pagar, no máximo, US$ 3,20 pelo gás. A estatal quer cobrar US$ 5,80 por milhão de BTU e alega que esse é o valor mínimo que pode oferecer sem subsídio. As partes tentam uma fórmula em que os investimentos feitos pelo Ceará na infra-estrutura de distribuição de gás - R$ 600 milhões, segundo o governo estadual - e a venda de placas de aço seriam levados em conta pela Petrobras para compor o preço do gás. Com isso, cobraria os US$ 5,80, mas o desembolso da Ceará Steel seria menor por conta disso.