Título: Oito governadores fazem ato pró-Lula
Autor: Agostine, Cristiane; Martins, Daniela
Fonte: Valor Econômico, 19/12/2012, Política, p. A6

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu ontem a solidariedade de oito governadores, inclusive um do PSDB, contra as declarações do publicitário Marcos Valério, que teria ligado o petista ao mensalão em depoimento ao Ministério Público Federal. O petista também recebeu apoio de parlamentares do PT e da base aliada em ato na Câmara dos Deputados. As manifestações ocorreram um dia após o fim do julgamento do esquema pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Em reunião na sede do Instituto Lula, em São Paulo, o ex-presidente e os governadores discutiram o impacto das denúncias de Valério, que acusou Lula de ter recebido recursos do mensalão para pagar despesas pessoais e ter autorizado o esquema de corrupção.

A imagem do ex-presidente também foi abalada pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, quando a oposição tentou ligá-lo às denúncias contra a ex-chefe de gabinete da Presidência Rosemary Noronha, próxima a Lula.

Participaram do encontro Tião Viana (PT-AC), Jaques Wagner (PT-BA), Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Agnelo Queiroz (PT-DF), Camilo Capiberibe (PSB-AP), Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL), Cid Gomes (PSB-CE) e Silval Barbosa (PMDB-MT). Os governadores Omar Aziz (PSD-AM) e Wilson Martins (PSB-PI) estavam previstos, mas não compareceram. O governador Eduardo Campos (PSB-PE) disse que não poderia ir por causa da diplomação do prefeito eleito de Recife, Geraldo Julio (PSB).

Tucano, o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho, disse não se sentir constrangido de participar de ato em defesa do petista. "Estou muito à vontade. Sou amigo de Lula", disse. "O [ex-presidente Lula tem um grande serviço prestado ao Brasil, como teve Fernando Henrique Cardoso. São duas figuras que dão credibilidade ao Brasil no mundo inteiro e são figuras que precisam ser preservadas. Não é uma denúncia de Marcos Valério que irá desmanchar o trabalho que foi feito [por Lula]", afirmou.

Agnelo Queiroz (PT) disse que os ataques "rasteiros" da oposição seriam uma tentativa de desestabilizar a democracia. "É preciso condenar esse tipo de ataque vil, covarde, irresponsável e criminoso. Lula é um estadista, que merece o respeito de todos", declarou. "Só confia em vigarista dessa ordem quem quer dar voz a isso", disse, referindo-se a Valério.

Cid Gomes, que teria organizado o encontro, disse que os governadores e o ex-presidente também conversaram sobre os royalties do petróleo, mas evitou detalhar. "Lula sempre pregou o diálogo e é importante encontrar um caminho. Às vezes é importante radicalizar para encontrar um meio termo."

Diretor-presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, afirmou que o PT paga por ter se aproximado de pessoas como Valério. "Pessoas que buscaram recursos para pagar campanha, que usaram desses recursos e não sabiam, acabaram pagando", comentou.

Ao defender o financiamento público de campanha para evitar esquemas de corrupção, Okamotto indicou que ainda existem desvios na arrecadação eleitoral. "Deve existir [caixa dois]. Eu suponho que exista. Hoje tem muito mais transparência, mas certamente [existe]. Imagine 50 e tantos mil vereadores...Será que eles conseguiram contabilizar tudo? Tem muita gente que nem sabe como faz a contabilidade", afirmou.

Em ato realizado na Cãmara dos Deputados, petistas e aliados também saíram em defesa de Lula. Com ares de comício político, o evento reuniu dezenas de parlamentares e militantes e contou com os principais nomes do PT da Casa, além de lideranças aliadas ao governo, como o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN). Os governistas fizeram discursos em que exaltaram os feitos do ex-presidente e atacaram os críticos de Lula.

"Mexeu com Lula, mexeu com o povo brasileiro. Mexeu com Lula, mexeu com a sociedade brasileira", discursou o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS). Já o líder do governo na Casa, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que Lula é "baluarte do povo brasileiro" e deu sentido "internacional a uma luta por justiça social". "Lula é o maior presidente do Brasil", disse o líder do governo da presidente Dilma Rousseff.

O PT afirma que o ato foi motivado pelos "recentes ataques de setores da mídia e da oposição golpista", em referência ao depoimento de Marcos Valério ao MP.