Título: CPI do Cachoeira aprova relatório do PMDB sem indiciamentos
Autor: Junqueira, Caio
Fonte: Valor Econômico, 19/12/2012, Política, p. A8

Por 18 a 16, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira rejeitou na manhã de ontem o relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG) e aprovou por 21 votos a 7 o do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF). Para Cunha, o resultado final da CPI foi uma "pizza geral". O texto aprovado tem duas páginas e não pede indiciamento de ninguém. Solicita apenas que todas as investigações sejam remetidas ao Ministério Público e a Polícia Federal.

"Penso que a única solução seria encaminharmos todos os trabalhos realizados por esta CPI para o Ministério Público Federal e para a Polícia Federal para que, pelos meios próprios previstos, possam dar prosseguimento às investigações e possam, ao final, com a segurança que os processos como esse requerem, darem o tratamento próprio às investigações como um todo e a cada caso tratado em particular", diz o texto.

O pemedebista sugere ainda que o Congresso escolha dois senadores e três deputados para acompanhar em 2013 e em 2014 o andamento das apurações. "Terei a consciência tranquila que não absolvi culpados e, em condição ainda piores, não condenarei inocentes, pois os documentos aqui colhidos e os indícios que apareceram têm muito ainda a serem checados e terão desdobramentos, onde, com isenção, poderão dar ao Brasil as respostas que todos queremos", conclui.

Partidos da base, como PMDB, PCdoB, PP, PR, PSD, PDT, PSC e da oposição votaram a favor do seu relatório. Até mesmo deputados do PT, como Cândido Vaccarezza (SP) e Paulo Teixeira (SP) votaram "sim". A maior da parte da oposição também votou com o PMDB, como DEM e PSDB. Os votos contrários vieram do PT, PDT, PTB, DEM e PPS. O relator da CPI, Odair Cunha (PT-MG), votou contra o relatório de Pitiman. Nas negociações para apresentar o seu relatório, Pitiman se articulou fortemente com o PSDB.

Contra o relatório de Pitiman falaram os deputados Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e Silvio Costa (PTB-PE), que acusou Pitiman de produzir uma "pizza": "Vossa Excelência fabricou uma pizza com "t" de trapalhada. Olha o relatório: duas páginas. Isso é uma piada, uma brincadeira. Não dá para transformar essa CPI em uma papagaiada." O senador Pedro Taques (PDT-MT) disse que o relatório "era o nada". Onyx Lorenzoni disse que "só falta o lencinho e a champanhe para a vitória completa da [construtora] Delta ".

Já a rejeição do relatório oficial, de Odair Cunha conseguiu unir partidos da base, como PMDB, PP, PSD, PP, PR, PTB, PSC, ao PSDB. Apesar disso, integrantes de outros partidos da oposição, como PSOL, DEM e PPS, votaram a favor do texto petista, a despeito de o próprio relator ter esvaziado o relatório. A pedido do PSOL, por exemplo, retirou o pedido de indiciamento do vereador de Goiânia, Elias Vaz, integrante do partido.

Após negociação com o senador João Costa (PPL-TO), também retirou o pedido de indiciamento do empresário Rossine Guimarães, dono da Construtora Rio-Tocantins, que tem ligações com a Delta. Cedeu ao deputado Ronaldo Fonseca (PR-DF) para retirar menções ao superintendente do Incra no Distrito Federal, Marco Aurélio Bezerra da Rocha.

Na prática, o maior beneficiado com esse resultado é o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) e o ex-proprietário da Delta, Fernando Cavendish, que tinham pedidos de indiciamento no texto petista.

"Quem votou contra meu relatório votou pela blindagem do Marconi e da Delta. O relatório aprovado é um nada. Não leva nada a lugar nenhum. É uma pizza geral", disse Odair Cunha.