Título: Grécia vai ou racha em 2013, diz ministro
Autor: Kerin Hope
Fonte: Valor Econômico, 20/12/2012, Internacional, p. A13

O ano que vem será "ou vai ou racha" para o futuro da Grécia enquanto país membro da zona do euro, disse ontem o ministro das Finanças Yannis Stournaras, alertando os líderes da Europa que Atenas ainda corre o "possível risco" de sair da união monetária.

"Poderemos conseguir no ano que vem se nos ativermos ao programa acertado com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional", disse ele ao "Financial Times". Mas "haverá um rompimento se o sistema político achar a situação difícil demais para ser conduzida", acrescentou ele, referindo-se ao perigo de instabilidade social que poderia acabar com a coalizão que apoia o governo.

"O que fizemos até agora foi necessário, mas não o suficiente para se chegar a uma solução permanente", afirmou Stournaras. "O problema agora é a implementação."

Seu alerta fere o otimismo predominante em relação à Grécia, cujo rendimento dos bônus de dez anos caiu ontem ao menor nível em 21 meses, depois que o Banco Central Europeu (BCE) disse que vai aceitar mais uma vez a dívida soberana do país como garantia.

A melhoria em seis pontos da classificação do país pela agência de avaliação de risco Standard & Poor"s (S&P), depois da bem sucedida recompra de dívida da semana passada, deu um ímpeto ao governo, embora os bônus gregos ainda estejam com a condição "junk".

Stournaras disse que Atenas vai se concentrar no ano que vem na evasão fiscal, no cumprimento das metas de privatização e na remoção de obstáculos burocráticos à entrada de investimentos no país.

O desembolso nesta semana de uma parcela de ajuda de € 34,2 bilhões por credores internacionais, após cinco meses de duras negociações, representou um "voto de confiança" na capacidade do governo de realizar as reformas fiscais e estruturais, disse Stournaras, apesar da oposição dos sindicatos e dos partidos políticos ao socorro financeiro. "A decisão de nossos parceiros de nos conceder tanto dinheiro - mais que o esperado - remove uma grande parte do risco."

No entanto, alertou ele, "ainda corremos o possível risco de quebrar". Qualquer falha da Grécia em honrar suas dívidas junto aos credores internacionais resultará na saída inevitável do euro.

A Grécia enfrentará o sexto ano consecutivo de recessão em 2013, período em que a economia deverá encolher cerca de 4%, após uma contração projetada de 6% para este ano. Stournaras prevê uma reação para o quarto trimestre de 2013 e um crescimento modesto para 2014. Até março, Atenas receberá mais três parcelas da ajuda financeira - num total de € 18 bilhões de euros -, desde que conclua as reformas exigidas sob os termos de seu segundo socorro de € 172 bilhões.