Título: Aécio mobiliza bancada do PSDB pela repartição dos recursos da CPMF
Autor: Moreira, Ivana
Fonte: Valor Econômico, 17/04/2007, Política, p. A10

Tanto quanto o governador de São Paulo, José Serra, o mineiro Aécio Neves não está disposto a assumir, pelo menos por hora, a articulação para acabar com a reeleição e instituir o mandato de cinco anos. Primeiro governador tucano a receber uma comitiva de lideranças nacionais do PSDB para discutir o futuro da legenda, ontem, no Palácio das Mangabeiras, Aécio preferiu levantar bandeira mais relevante para os Estados, como a divisão dos recursos da CPMF.

Segundo o líder do PSDB na Câmara, deputado Antônio Carlos Pannunzio, a bancada vai brigar para que os Estados fiquem com 20% da arrecadação da contribuição sobre a movimentação financeira, caso ela seja prorrogada. No modelo que os tucanos prometem defender, municípios ficariam com 10% daa receita. Além de Pannuzio, estiveram no Palácio da Liberdade os deputados federais tucanos Júlio Redecker (RS), Paulo Abi-Ackel (MG), Jutahy Jr (BA), Nárcio Rodrigues (MG)

"É muito importante que o governo federal entenda que os recursos não possam ser centrados todos na União", afirmou Pannuzio. "Induzir crescimento em um país gigantesco como o Brasil necessita de parceiros que são os entes federativos.

De acordo com Aécio, ao defender a repactuação da federação e uma distribuição mais adequada dos recursos tributários, o PSDB pode estar beneficiando um ou outro correligionário que esteja no comando de algum Estado, mas está beneficiando principalmente o país. "Um país das dimensões continentais como o Brasil, está tendo a sua malha viária federal administrada de forma tão centralizada e tão pouco eficiente", exemplificou.

O governador de Minas tentou demonstrar desinteresse quando as perguntas dos jornalistas foram sobre o fim da reeleição e a vontade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o tema seja articulado pela oposição, especificamente por ele ou José Serra. "Essa é uma decisão que será travada no Congresso Nacional e não vejo porquê haver uma preocupação excessiva com a paternidade dessa discussão."

O governador mineiro lembrou que tem, de fato, uma posição pessoal a favor do mandato de cinco anos. Mas frisou que sua missão, enquanto governador, é administrar Minas Gerais. Resposta semelhante já havia dado o governador de São Paulo, José Serra, quando questionado sobre o mesmo asssunto.

"Em conversas com o governador José Serra, em conversas com outras lideranças do partido, nós admitimos que a reeleição leva quase uma imposição à recandidatura e, obviamente, inibe também a renovação das lideranças", declarou Aécio. "Mas não houve um debate consistente no partido para que a gente pudesse dizer que essa é uma posição partidária", observou.

Mais uma vez, Aécio fez críticas ao governo Lula que, segundo ele, não está cumprindo promessas que assumiu com os governadores e precisa abrir negociações com os Estados. Mas, ontem, fez questão de deixar claro que, com Minas Gerais, o diálogo está tão aberto quanto com São Paulo. Fez questão de contar que o vice-governador Antônio Anastasia estava ontem Brasília discutindo assuntos do interesse de Minas com a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef.