Título: Entregas menores e câmbio devem afetar a Embraer
Autor: Nakamura, Patrícia
Fonte: Valor Econômico, 17/04/2007, Empresas, p. B7

Os resultados da Embraer devem ter sofrido uma leve queda no primeiro trimestre em relação ao ano passado, por conta da desvalorização cambial e da falta de entregas no segmento de defesa, na opinião de analistas. Na avaliação de Caio Dias, analista de aviação do Santander Banespa, as vendas líquidas da companhia podem ter alcançado R$ 1,7 bilhão entre janeiro e março deste ano, em comparação aos R$ 1,768 bilhão obtidos no mesmo período em 2006. Na avaliação de Pedro Galdi, do ABN Amro, o resultado terá sido um pouco menor, de R$ 1,6 bilhão.

As estimativas foram baseadas nos números divulgados ontem pela fabricante de aviões. No primeiro trimestre, a Embraer entregou 25 unidades, duas a menos em relação ao ano passado. Houve, entretanto, uma melhora no mix de produtos, observou Galdi. No período, foram entregues 12 unidades do Embraer 190 (ante oito no ano passado) e dois Embraer 195, aeronaves de maior valor agregado. Entretanto, não foram registradas entregas de aeronaves no segmento de defesa. No primeiro trimestre de 2006, foram realizadas duas entregas.

Ao todo, o segmento de aviação comercial registrou a entrega de 20 aeronaves e outras cinco unidades do modelo Legacy 600, de aviação executiva. Em dólares, as vendas da companhia devem alcançar US$ 671,5 milhões, um incremento de 0,4% em comparação ao ano passado, segundo relatório da Brascan Corretora.

O número de entregas ficou abaixo do esperado pelo mercado, de acordo com Dias, do Santander. A Embraer ainda não absorveu totalmente os efeitos da verticalização da produção de asas, antes fornecidas pela Kawasaki Aeronáutica do Brasil. A situação só deve ser normalizada no segundo semestre. Cerca de 40% das entregas previstas para este ano - entre 165 e 170 unidades - serão realizadas no primeiro semestre, de acordo com nota da Embraer. No ano passado, das 145 unidades programadas, foram entregues 130.

A empresa também anunciou ontem possuir em carteira pedidos da ordem de US$ 15 bilhões, valor recorde para a companhia, e US$ 200 milhões a mais em relação ao último trimestre de 2006. Os pedidos firmes em carteira totalizam 454 unidades. A maior parte dessas vendas se concentra na Europa e nos Estados Unidos, mas a empresa vem conquistando mercados no Oriente Médio e na Ásia. "Há um envelhecimento da frota e as companhias aéreas estão buscando aparelhos menores, que atendam ao crescente movimento da aviação regional", afirmou Galdi. Como o mercado está aquecido, a venda de aeronaves voltadas para o segmento regional estão sendo comercializadas com poucos descontos, o que no caso da Embraer poderá ampliar suas margens.