Título: Elétricas ajudam bolsa a subir
Autor: Zampieri , Aline Cury
Fonte: Valor Econômico, 10/01/2013, Finanças, p. C2

O Ibovespa teve um dia de recuperação, após três pregões consecutivos de perdas. O setor de energia elétrica continuou sendo o foco dos investidores. As ações das companhias de energia foram destaque, mas dessa vez de valorização. E o principal índice da Bovespa teve espaço para fechar em alta de 0,73%, atingindo 61.578 pontos. O volume financeiro foi de R$ 7 bilhões.

O papel da Cesp PNB liderou as maiores altas do Ibovespa ao subir 6,71%, para R$ 18,90. No mesmo setor, o papel foi seguido por Cemig PN (5,57%, para R$ 21,76), Light ON (4,55%, para R$ 20,88), Eletrobras PNB (4,33%, para R$ 10,11), Copel PNB (2,82%, para R$ 29,80) e Eletrobras ON (2,81%, para R$ 6,58).

As atenções estiveram voltadas para a reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico. No meio da tarde, os negócios chegaram a arrefecer e o índice diminuiu os ganhos, com operadores travados à espera de comentários sobre o encontro.

Poucos minutos antes do encerramento do pregão na Bovespa, teve início a entrevista coletiva dos integrantes do governo após a reunião, em que o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, voltou a descartar risco de racionamento. Ele disse ainda que a prometida redução de 20% na conta de luz está garantida a partir de fevereiro. Isso se converteu em algum alívio entre os investidores, levando o Ibovespa a recuperar o fôlego.

O J.P. Morgan afirmou, em relatório, que o risco de racionamento no país é de 10%, mesmo com o nível reduzido de chuvas. "A energia deve ficar mais cara, mas a oferta não está tão apertada e o Brasil está mais bem preparado para evitar a chance de um apagão do que em 2001", afirmam Gabriel Sales e Pedro Manfredini.

Segundo o banco, as empresas Cesp e Copel, que têm volume de energia excedente e que pode ser vendido no mercado por preços mais altos, podem se beneficiar e elevar receitas.

Fora do setor elétrico, destaque para as ações ON da BRF-Brasil Foods, que subiram 3,21%, para R$ 45,25. Os papéis reagiram à notícia divulgada pelo Valor de que Abilio Diniz, sócio fundador e presidente do conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar, está articulando com investidores para assumir a presidência do conselho da empresa.

Na outra ponta, Cielo caiu 3,35%, para R$ 56,15. A equipe de análise do Credit Suisse reduziu as projeções de lucro líquido da companhia para 2012 e para este ano. "Os lucros mais fracos no curto prazo e um potencial nível mais baixo de divulgação de resultados podem eliminar um pouco o desempenho positivo das ações, visto nas últimas semanas", avaliam os analistas Victor Schabbel, Marcelo Telles e Daniel Sasson em relatório.

Para Paulo Bittencourt, diretor técnico da Apogeo Investimentos, no primeiro trimestre o Ibovespa deve ficar travado, oscilando ao sabor das divulgações de números macroeconômicos, mas com tendência de se manter acima dos 61 mil pontos. Ele lembra que vários indicadores da economia sobre 2012 vão sair até março e a bolsa seguirá presa a essas divulgações.

O especialista segue dizendo acreditar que o Ibovespa não será a melhor opção para quem quer investir em ações. "Acredito no conceito de escolher ações que não estejam atreladas a nenhum índice. Minha preferência é pelas boas pagadoras de dividendos." Nesse caso, ele admite que a situação ficou mais difícil, depois do baque sentido pelas elétricas. Mas aponta que ainda segue o conceito de fluxo de caixa. E vê muitas empresas do setor, como a Cemig, entregando bons resultados. (Colaboraram Thais Folego e Natalia Viri)