Título: Energia eleva projeções do mercado para o IPCA
Autor: Martins, Arícia
Fonte: Valor Econômico, 15/01/2013, Brasil, p. A2

A projeção do mercado para a inflação em 2013 subiu pela segunda semana consecutiva, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central, que apura estimativas com mais de cem analistas. A mediana das apostas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saiu de 5,49% para 5,53%. Há um mês, a projeção era de 5,42%. O mercado projeta inflação de 5,50% em 2014.

Para economistas, o maior pessimismo quanto ao IPCA deste ano reflete uma mudança nos cenários de curto prazo, já que janeiro será um mês de alta dos preços pouco maior que o antecipado, mas já pode haver uma incorporação de quedas menores das tarifas de energia elétrica.

A economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Marzola Zara, já contava com avanço de 0,8% do IPCA no primeiro mês do ano (no Focus, o mercado revisou essa projeção de 0,75% para 0,78%) devido a uma pressão sazonal mais forte dos alimentos e a reajustes no grupo transportes. Mas ela elevou de 5,5% para 5,8% sua estimativa para a alta do IPCA no ano tendo em vista uma ajuda menor dos preços de energia.

"Quando a redução média de 20% nos preços de energia foi anunciada, já esperávamos que a indústria iria aproveitar esse espaço para recompor margens. Mesmo com a queda, o setor continua com um dos maiores custos de energia do mundo", disse Flávio Combat, economista-chefe da Concórdia Corretora. Assim, Combat não revisou para cima sua estimativa para a alta do IPCA em 2013, que segue em 5,5%.

Em relatório, a equipe econômica da LCA Consultores escreve que a preocupação com o suprimento energético do país influenciou as expectativas do mercado para crescimento e inflação. Pela segunda semana consecutiva, os analistas cortaram suas projeções para a expansão PIB, de 3,26% para 3,20%. "Muito embora não haja risco iminente de racionamento, é fato que essas fontes ora alternativas são mais caras e terão impacto na inflação", avalia a consultoria.

Os analistas mantiveram a projeção para a taxa Selic de 2013 em 7,25%, a taxa atual. Para eles, a taxa de juros oficial será elevada agora a 8,25% em 2014. Há quatro semanas, eles esperavam Selic maior, de 8,5%.

Essa expectativa de juro em nível baixo se ancora na piora das projeções para a atividade econômica. Para 2013, a mediana das projeções para o crescimento Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 3,26% para 3,2%. Para 2014, cedeu de 3,75% para 3,60%. Há um mês, o mercado esperava PIB de 3,4% em 2013 e de 3,81% em 2014. Já a expectativa para a produção industrial melhorou. Saiu de expansão de 3% para 3,24% em 2013.