Título: Investimentos estrangeiros em infra-estrutura triplicam em 2007
Autor: Rittner, Daniel
Fonte: Valor Econômico, 16/04/2007, Brasil, p. A2

Os investimentos diretos estrangeiros em infra-estrutura mais do que triplicaram nos dois primeiros meses do ano, na comparação com igual período de 2006. Eles chegaram a US$ 1,097 bilhão - volume bastante expressivo quando comparados aos US$ 310 milhões que entraram no país no primeiro bimestre do ano passado. Os destaques foram os segmentos de energia elétrica, transportes e telecomunicações, segundo levantamento feito pela Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib) com base em estatísticas do Banco Central.

O fluxo de capitais recebidos em janeiro e fevereiro sinaliza a volta dos investimentos diretos no setor a patamares vistos no início da década. Em 2001 e 2002, esse fluxo ficou em US$ 7,2 bilhões e US$ 6,5 bilhões, respectivamente. Mas caiu, nos últimos anos, para a faixa entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões, apesar de um esboço de recuperação em 2005. De qualquer forma, esses investimentos ainda estão longe dos US$ 11,7 bilhões recebidos em 1999, ou dos US$ 14,4 bilhões de 2000, na esteira do processo de privatização dos setores de telecomunicações e eletricidade.

"A infra-estrutura é porta de entrada de investimentos estrangeiros no país", afirma Paulo Godoy, presidente da Abdib. "Mas, para haver investidores, primeiro é preciso haver projetos prontos para serem licitados - seja por concessão ou por PPP - e depois termos agilidade na preparação e realização das licitações."

Para ele, o aumento dos investimentos neste ano é fruto de concessões realizadas no passado e falta clareza sobre o desejo do Estado de atrair a iniciativa privada para melhorar a infra-estrutura do país. Godoy acompanha com apreensão a insegurança que envolve novas rodadas de concessões. E cita três exemplos.

Na área de petróleo, a oitava rodada da Agência Nacional do Petróleo (ANP) foi suspensa pela Justiça, devido a regras que impunham limites à quantidade de áreas arrematadas por cada companhias. No segmento de telecomunicações, o Tribunal de Contas da União (TCU) paralisou o leilão para a oferta de banda larga sem fio, com a alegação de que os preços mínimos estavam subavaliados em R$ 23 milhões.

Finalmente, a segunda etapa de concessões de rodovias federais arrasta-se desde o governo Fernando Henrique Cardoso. O TCU aprovou os editais de licitação, mas o governo decidiu rever o processo na tentativa de baixar as tarifas de pedágio. As considerações de um grupo interministerial, prometidas para março, não foram concluídas.