Título: Dados de emprego e construção elevam o otimismo nos EUA
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Fonte: Valor Econômico, 18/01/2013, Internacional, p. A13

A economia dos Estados Unidos voltou a dar sinais de retomada ontem com a divulgação de dados positivos do setor imobiliário e do mercado de trabalho.

O número de americanos em busca de seguro-desemprego caiu na semana encerrada em 12 de janeiro ao nível mais baixo em cinco anos, segundo o Departamento de Trabalho. Os pedidos totalizaram 335 mil, contra uma previsão de analistas de 370 mil.

Já o Departamento de Comércio informou, em relatório, que a construção de imóveis residenciais saltou 12,1% em dezembro, para o patamar mais alto desde junho de 2008. O número de casas em construção no país subiu 12,1% em dezembro, para 954 mil unidades na taxa anualizada. Segundo analistas, esse setor é crucial para a criação de empregos e o consumo.

O bom desempenho do emprego e da construção civil ajudou a elevar as ações nos EUA ao nível mais alto em cinco anos, além de dar suporte às cotações do petróleo. Os juros pagos pelos títulos do Tesouro caíram, enquanto o dólar ficou praticamente estável em relação a uma cesta de moedas.

Impulsionados pelos juros mais baixos da história para o financiamento imobiliário, a construção civil provavelmente manterá o passo em 2013, continuando a recuperar-se da pior queda desde a Grande Depressão. Consumidores, amparados por um mercado de trabalho firme, devem ir às compras, ainda que o debate sobre o Orçamento no Congresso leve a uma maior oneração das folhas de pagamento. "O setor imobiliário continua claramente a ser um dos pontos altos em uma história de recuperação econômica que poderia ser lenta e sombria", disse Anika Khan, economista-sênior da Wells Fargo Securities LLC. "Quanto ao mercado de trabalho, nós continuamos a atravessar um momento positivo", afirmou.

O levantamento do Departamento de Comércio ainda mostra que as licenças para novas construções, que indicam a atividade no futuro, subiram 0,3%, para uma taxa anualizada de 903 mil em dezembro. Esse é o nível mais alto em cerca de quatro anos e meio.

"Não há como negar que a recuperação do mercado imobiliário está se consolidando. E nós esperamos que a atividade de construção dê um salto para o nível anualizado de 1 milhão [de imóveis] até o final deste ano", disse Michael Dolega, economista da TD Economics, em nota a clientes.

Ele afirmou que os ganhos no setor imobiliário levaram o à contratação de 30 mil pessoas em dezembro, maior nível em 15 meses. E prevê que a construção civil gerará 500 mil empregos em 2013.

Em dezembro, o número de casas construídas, que representam dois terços do mercado, subiu 8%. Ainda abaixo de um nível considerado saudável, as obras desses imóveis para uma só família chegaram a um patamar 75% superior ao fundo do poço atingido durante a recessão, em março de 2009.

Já a construção de apartamentos aumentou 23% no mês, voltando a níveis anteriores à crise. "O forte aumento no número de casas em construção é um claro indicador de confiança das construtoras nas perspectivas de vendas", disse Pierre Ellis, economista da Decision Economics, em nota.

Para Millan Mulrai, economista-sênior da TD Securities, a economia americana tem conseguido driblar as incertezas provocadas pelas disputas políticas no Congresso. "Enquanto o crescimento permanece fraco, o dano causado pela incerteza acerca do abismo fiscal não foi suficiente para arruinar a recuperação [econômica]", afirmou.

O setor imobiliário deixou de ser um peso para a economia americana, e estima-se a construção civil tenha no ano passado contribuído para uma alta do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA pela primeira vez desde 2005. Mas o fraco desempenho das exportações, a redução nos estoques das empresas e a reversão na tendência de alta nos gastos com defesa provavelmente reduziram o crescimento a um nível anualizado abaixo de 2% no quarto trimestre de 2012.