Título: Múlti suíça planeja investir US$ 10 mi em fábrica no país
Autor: Capela, Maurício
Fonte: Valor Econômico, 24/04/2007, Empresas, p. B8

A multinacional suíça Landis+Gyr, cujo acionista majoritário é a australiana Bayard Capital, observa de perto o andamento das atividades de prospecção de gás natural na Bacia de Santos. Grande fabricante de medidores de energia, sistemas de medição e dona de uma receita global de US$ 1,1 bilhão, a companhia já tem desenhado um programa de investimentos, caso o consumo desse insumo mantenha o ritmo de crescimento no Brasil e o abastecimento ganhe contornos de auto-suficiência por aqui.

Álvaro Dias Júnior, diretor-geral da companhia para América do Sul e vice-presidente mundial, contou ao Valor que a empresa está pronta para investir US$ 10 milhões na ampliação e modernização da única fábrica instalada no continente: a de Curitiba (PR). E os aportes teriam endereço certo, porque segundo o executivo a idéia é iniciar a produção de um medidor capaz de contabilizar o consumo de água, gás natural e energia elétrica.

"Nós já vendemos esse medidor na Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos, por exemplo. Mas somente comercializaríamos por aqui, caso tivéssemos um consumo maior e firme de gás natural", explica o executivo.

A julgar pelos números recém-divulgados pela Petrobras, a Landis já pode começar a fazer os cálculos. Isso, porque a estatal avalia que o setor de gás natural no Brasil já cresce muito e detém 9,3% da matriz energética do país. Além disso, a Petrobras afirmou, por meio de um comunicado enviado à imprensa, que "acredita neste crescimento e estima que o combustível chegará a 11% da matriz em 2011."

Mesmo que os campos da Bacia de Santos demorem a entrar em operação, a estatal aprovou ontem a contratação da empresa Golar LNG Ltd que vai fretar as embarcações para os terminais de Gás Natural Liquefeito (GNL) da Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, e de Pecém, no Ceará a um custo de US$ 90 milhões por ano. Com previsão para entrar em operação, pelo menos uma delas, no primeiro semestre de 2008, as operações terão capacidade de regaseificar 21 milhões de metros cúbicos diários.

No entanto, enquanto o projeto não vira realidade, a Landis+Gyr mantém o ritmo de investimento na sua operação brasileira. Nos últimos três anos, por exemplo, a multinacional aplicou US$ 6 milhões em pesquisa e desenvolvimento. Isso, porque a unidade de Curitiba ganhou a responsabilidade de produzir os medidores eletrônicos e exportá-los para a subsidiária inglesa.

O investimento feito no último triênio mudou a cara da operação brasileira. Só para se ter uma idéia da alteração, três anos atrás 95% da produção era de medidores eletromecânicos, sendo que hoje ao redor de 40% já são eletrônicos. Além da unidade curitibana, a multinacional mantém uma operação na Argentina cujo objetivo é a nacionalização dos equipamentos e duas filiais, sendo uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro, responsáveis pelos serviços de engenharia.

Com um faturamento de R$ 180 milhões no Brasil, o que equivale a algo como US$ 90 milhões, a subsidiária local teve 10% dessa receita atrelada às exportações, que foram basicamente para Argentina e Inglaterra. Ciente, portanto, de que o nível de exportação deverá aumentar no futuro, o executivo explica que acredita em um incremento das vendas totais da operação brasileira para 8% em 2008.

Além disso, a empresa prospecta companhias mundo afora para manter seu ritmo de crescimento. Tanto que a última aquisição foi a compra da americana Cellnet por US$ 705 milhões. A operação foi fechada em dezembro de 2006. "Não há nada na América do Sul, mas se houver o Brasil certamente encabeçará a lista", afirma o executivo.