Título: UE pagará mais para reduzir sua produção de açúcar
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 24/04/2007, Agronegócios, p. B13

A União Européia está fechando 47 usinas de açúcar no biênio 2006-2007, mas mesmo assim a oferta abandonada é considerada pequena. Por isso, Bruxelas planeja dar mais dinheiro para que outros agricultores e usinas deixem a produção até 2009, de forma a evitar que a reforma do segmento fracasse, revelaram fontes em Genebra.

Bruxelas oferecerá US$ 320 a mais por tonelada abandonada. A reforma do regime do açúcar, deflagrada em novembro de 2005, visa cortar 6 milhões de toneladas, que não podem mais ser exportadas com subsídios por causa da derrota da UE em disputa com o Brasil na OMC. O novo regime prevê queda de 36% do subsídio para a commodity em quatro anos e o fim do preço mínimo.

Na primeira fase do fundo de reestruturação do segmento, a UE pagou US$ 995 por tonelada de produção abandonada. Desse total, "no mínimo 10%" deveria ser destinado ao produtor de beterraba - principal matéria-prima do açúcar europeu -, e o restante para o usineiro que fecha sua unidade. Mas o abandono de produção até agora foi de apenas 2 milhões de toneladas, bem abaixo do previsto pela UE. E uma das razões é a briga entre agricultores e usineiros sobre a fatia de cada um na indenização. A idéia agora é adotar medidas mais estimulantes para ambos, para acelerar a redução de mais 4 milhões de toneladas.

Pelo plano original, a compensação para o período 2008-2009 cairia para US$ 850 por tonelada. Agora, a UE quer de fato fixar em 10% a participação do agricultor na indenização, garantindo 90% para o usineiro. Em contrapartida, o agricultor terá o adicional de US$ 320 por tonelada.

Das 47 usinas fechadas em 2006 ou que deverão encerrar as atividades este ano, a maior parte foi na Itália, onde só seis das 19 usinas continuarão em operação. A Itália abandonou mais de 50% de sua cota de produção. A Polônia fecha nove usinas. Na Suécia, a Danisco também encerrou atividades de uma usina. Sobrou o segundo braço açucareiro do grupo, o Ortofta - que, de acordo com a FAO, agência da ONU para alimentação e agricultura, tende a encarar preços estáveis para a commodity no mercado internacional.

Este ano, a UE abriu uma cota de importação de 200 mil toneladas de açúcar branco, livre de tarifa, para atender unicamente à indústria química dos 27 países-membros. A disputa do açúcar levada pelo Brasil à OMC foi um marco na área agrícola, ao dar um golpe em subsídios a exportação. A UE concordou, na Rodada Doha, em eliminar esse tipo de subsídios até 2013.