Título: Nascimento é acusado pelo MPF
Autor: Abreu, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 10/12/2010, Política, p. 4

O Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas protocolou uma representação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do estado em que pede que senador Alfredo Nascimento (PR-AM) seja declarado inelegível, sob a acusação de que teria comprado votos na disputa eleitoral deste ano ¿ ele concorreu ao cargo de governador do Amazonas, mas foi derrotado por Omar Aziz (PMN). Presidente do Partido da República, o nome de Nascimento foi confirmado, na quarta-feira, pelo gabinete de transição, para voltar à chefia do Ministério dos Transportes. Ele foi indicado dentro da cota do PR, um dos partidos que apoiou a candidatura de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto.

De acordo com a denúncia do MPF, Alfredo Nascimento teria sido beneficiado por um esquema de captação ilícita de votos a partir da oferta de combustível a eleitores feita pelo vereador do município de Humaitá (distante 680km de Manaus) Herivânio Seixas (PSB).

Então membro do comitê de campanha da coligação de Nascimento, o vereador chegou a ser preso depois de ter sido flagrado pela promotora eleitoral Simone Lima, em 21 de agosto, no momento em que distribuía combustível a eleitores. Segundo o MPF, o esquema foi confirmado por testemunhas. Uma delas disse ter recebido dois cheques do vereador, um de R$ 1,7 mil e outro de R$ 1,4 mil, ambos para colocar gasolina nos veículos de apoiadores da campanha.

¿Vários carros, táxis e motocicletas estariam sendo abastecidos por orientação do vereador Herivânio para participarem de uma carreata em favor de Alfredo Nascimento, que visitaria a cidade naquele dia¿, destaca trecho da representação. Ao MPF, o vereador alegou que estava no posto de combustível comprando água para levar a cabos eleitorais que aguardavam a chegada de Nascimento no aeroporto. Procurado pela reportagem, o senador negou, por meio de sua assessoria, ter praticado qualquer irregularidade.

Bloquinho promete fazer um barulhão » Leandro Kleber Especial para o Correio

Com receio de serem engolidos pelos partidos aliados considerados grandes durante o mandato de Dilma Rousseff, os nanicos deram o primeiro passo para se unir no Congresso. Em reunião na Câmara, líderes do PRTB, do PRP, do PTC, do PSL, do PMN, do PHS e do PTdoB discutiram a formação de um ¿bloquinho¿. ¿Queremos nos fortalecer. Separados, somos fracos. Juntos, podemos influenciar a decisão da Presidência da Casa, marcar posição na Mesa Diretora e ter maior presença nas comissões¿, afirma o presidente do PRTB, Levy Fidelix, candidato à Presidência da República derrotado nas urnas em outubro.

Para não perderem espaço nos próximos quatro anos e ainda ganharem força para as eleições municipais de 2012, os sete partidos ¿ que terão 15 deputados federais e um senador em 2011 ¿ também pensam em maneiras para não serem prejudicados caso alguma proposta de reforma eleitoral seja votada.

Telma Ribeiro, secretária-geral do PMN, que elegeu quatro deputados federais e um senador para a próxima legislatura, acredita que, diante da criação dos ¿blocões¿ no Congresso, a formação de um grupo dos pequenos é uma maneira de sobreviver. ¿Claro que não dá para mudar o Legislativo, mas dessa forma ganharemos mais visibilidade e atuaremos de forma mais tranquila. A união faz a força. Da maneira como está hoje, nós nem sequer somos ouvidos na votação de matérias¿, afirma. ¿A ideia é ser um bloco independente, sem vínculo governamental. Mas essa adesão não pode passar por cima das posições definitivas de cada partido. Se tivermos mais em comum do que diferenças, vale a união. Caso contrário, fica muito difícil atuar¿, completa.

Qualquer união entre partidos para a nova legislatura só poderá ser oficializada no fim de janeiro de 2011, dias antes da posse dos novos parlamentares, em 1º de fevereiro. Até lá, o ¿bloquinho¿ que começa a ser formar agora poderá ficar maior. Na próxima quarta-feira, lideranças do PRB ¿ que terá oito assentos na Câmara ¿ deverão se encontrar com os representantes do grupo para discutir uma possível adesão. Assim, o bloquinho ficaria com 23 parlamentares, o que daria direito de pleitear a 4ª Secretaria, responsável por supervisionar o sistema habitacional da Câmara.