Título: Obama desfaz 'time de rivais' no governo
Autor: Lee , Carol E.
Fonte: Valor Econômico, 14/01/2013, Internacional, p. A11

Se "Equipe de Rivais" foi o mantra que orientou as escolhas do presidente Barack Obama para sua equipe de alto escalão no primeiro mandato, parece que o tema que vem dominando suas escolhas para o segundo mandato está mais para "Bando de Irmãos".

Em 2009, o gabinete de Obama foi montado com vistas a subjugar uma crise financeira e dar apoio a um novo presidente com pouca experiência em política externa. Após uma série de nomeações feitas neste mês - última, na quinta-feira, de Jacob Lew para secretário do Tesouro -, sua equipe para o segundo mandato tem uma característica: pessoas de alto escalão em sintonia pessoal com o presidente.

Mas as escolhas também despertaram críticas por criarem uma equipe muito partidária e insular, além de muito branca e muito masculina - acusações que autoridades da Casa Branca rejeitam.

Os escolhidos que Obama anunciou até agora o ajudaram nas eleições, ou o orientaram em difíceis tarefas de governo.

John Kerry, nomeado para Secretário de Estado, preparou Obama para os debates da campanha presidencial de 2011. Chuck Hagel, escolhido para Secretário de Defesa, deu a Obama, quando jovem senador, profundidade em assuntos de política externa. Há dois anos, Lew está no comando das acirradas batalhas da Casa Branca sobre o Orçamento com os parlamentares do Partido Republicano, de oposição. E John Brennan, escolhido para chefiar a CIA, o serviço de inteligência, foi quem elaborou o polêmico programa de Obama para a utilização de "drones", aeronaves de espionagem sem piloto controladas remotamente.

É um contraste com a equipe de Obama nomeada há quatro anos, que incluía sua ex-rival pela nomeação do Partido Democrata, Hillary Clinton, como secretária de Estado; Robert Gates, remanescente do governo Bush, para o Departamento de Defesa; e Timothy Geithner, um rosto bem conhecido em Wall Street, para o Tesouro.

Na quinta-feira, o senador republicano Jeff Sessions criticou Lew como "mais uma pessoa que, pessoalmente, é muito próxima do presidente".

As nomeações sinalizam que Obama não está tão interessado em chamar republicanos para o seu lado como em dividir o partido, disse Dan Bartlett, que foi assessor do presidente George W. Bush. Ele citou Hagel como o grande exemplo, observando que os republicanos estão divididos sobre a sua nomeação. Disse ainda que faz sentido ter Lew no Tesouro se Obama estiver tentando se preparar para os debates partidários sobre política tributária e fiscal.

Autoridades da Casa Branca dizem que Obama buscou candidatos que compartilham seus pontos de vista sobre as principais iniciativas políticas, e acrescentam que os escolhidos são apenas o começo da configuração final da equipe. Eles ressaltam a diversidade entre os membros do gabinete que devem permanecer, incluindo o procurador-geral Eric Holder, Eric Shinseki, secretário para Assuntos de Veteranos de Guerra, e Kathleen Sebelius, secretária da Saúde e Serviços Humanos.

"O presidente sempre esteve, e continua a estar, profundamente empenhado em ter um gabinete e uma equipe que reflita a diversidade do nosso país", disse Valerie Jarrett, assessora sênior da Casa Branca. "Creio que é um erro fazer qualquer julgamento em uma fase tão inicial do processo."

Obama está considerando várias mulheres para outros cargos no gabinete, como o Departamento de Comércio, o Departamento do Trabalho, a Agência de Proteção Ambiental e como representante comercial dos Estados Unidos, dizem autoridades da Casa Branca.

O presidente está conservando seus aliados leais na equipe econômica. Jeffrey Zients, que atualmente é diretor do Escritório da Administração e Orçamento, deverá ficar, mas Obama terá de nomeá-lo em breve se quiser que ele se mantenha no cargo mais tempo. Gene Sperling e Alan Krueger, que ocupam altos cargos econômicos, também devem ficar.

Os candidatos a chefe de Gabinete são Denis McDonough, um assessor de segurança nacional, e Ron Klain, ex-chefe de gabinete do vice-presidente Joe Biden. A subchefe de gabinete Nancy-Ann DeParle está deixando o cargo para lecionar em Harvard, e o diretor de assuntos legislativos, Rob Nabors, é um dos que podem sucedê-la.

Hagel e Kerry compartilham o desejo do presidente de retirar a maioria dos soldados americanos do Afeganistão até 2014. Hagel é considerado como mais aberto a aceitar cortes no orçamento do Pentágono, um objetivo de Obama para o segundo mandato.

Na CIA, Brennan manterá a guerra dos "drones" que iniciou na Casa Branca. Também estará em boa posição para implementar políticas que ajudou a criar para deter o programa nuclear iraniano. Aí se incluem os ataques cibernéticos às instalações nucleares do Irã, conhecidos como vírus Stuxnet, de acordo com autoridades atuais e anteriores. Enquanto o antecessor de Brennan, o general David Petraeus, era uma pessoa um tanto de fora, a Casa Branca acredita que não há divergências entre Obama e Brennan nos assuntos fundamentais.

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