Título: Fiocca diz que entrega banco mais ágil e com juro menor
Autor: Leo, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 19/04/2007, Política, p. A6

O economista Demian Fiocca, 38, quer entrar para a história do BNDES como o presidente que conseguiu, finalmente, desburocratizar e agilizar a concessão de financiamentos pelo banco, uma reivindicação do empresariado sempre perseguida, sem sucesso expressivo, por sucessivas gestões.

Em entrevista ao Valor ontem à noite, Fiocca falou do trabalho que vinha fazendo para agilizar os procedimentos do banco e afirmou que Luciano Coutinho "foi uma excelente escolha" e que o economista tem credenciais para fazer "um excelente trabalho". Ele disse também que vai colocar-se à disposição para "fazer uma transição o mais coordenada possível", com o objetivo de dar continuidade ao que seja necessário continuar.

O trabalho para acelerar procedimentos, que vem sendo coordenado pelo chefe de gabinete de Fiocca, Luciano Siani Pires, já está dando resultados, segundo estatísticas apresentadas por Fiocca. O prazo para aprovação de projetos considerados complexos era de 12,07 meses em novembro de 2004, quando o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, assumiu o banco. Caiu para 10,61 meses em março do ano passado, quando Fiocca passou de vice a presidente, e fechou março deste ano em 6,74 meses. Além disso, o "spread" médio sobre a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) dos financiamentos passou de 2% em dezembro de 2005 para 1,4% atualmente.

O pacote de medidas prontas para serem colocadas em prática nos próximos meses inclui a criação de um "empréstimo-ponte" como produto de prateleira, permitindo à empresa receber recursos, em condições especiais, para tocar a obra enquanto o projeto ainda estiver em tramitação no banco, desde que o cliente seja de baixo risco. Essa medida, de acordo com Fiocca, será especialmente importante para projetos de infra-estrutura, como os cerca de 30 empreendimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), já mapeados pelo BNDES.

Outra medida que promete ter impacto é a ampliação da linha de limite de crédito, uma espécie de cheque especial gigante, criado por Mantega para acelerar os empréstimos a clientes que tenham os melhores ratings na avaliação de risco do banco. Hoje, esse "cheque especial" pode ir, no máximo, ao limite de R$ 900 milhões.

Tanto este limite poderá ser ampliado como a empresa que esteja abaixo do limite poderá elevar sua capacidade de operar, quanto mais dê ao BNDES conhecimento das suas estratégias. Além disso, os prazos para pagamento, hoje limitados a cinco anos, ficarão alinhados com os prazos das linhas normais do banco.