Título: Consultoria atende às maiores empresas do país
Autor: Leo, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 19/04/2007, Política, p. A6

O economista Luciano Coutinho chega à presidência do BNDES depois de comandar uma das mais requisitadas consultorias empresariais do país. Conforme informa a página da LCA Consultores, criada em 1995 e da qual Coutinho é sócio, sua carteira de clientes inclui "onze dos quinze maiores grupos econômicos do país, seis dos dez maiores grupos financeiros de capital nacional, nove dos quinze maiores bancos que operam no Brasil, sete dos dez maiores grupos empresariais do ramo industrial, quatro dos cinco maiores fundos de pensão, cinco dos principais escritórios de advocacia, grandes empresas dos setores de energia elétrica e telecomunicações, empresas destacadas de médio porte, como, por exemplo, um dos mais bem-sucedidos fundos de investimento do país, instituições como o BNDES e a Bovespa".

Uma das áreas de atuação da LCA é a de litígios econômicos no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), onde elaborou "projetos e pareceres sobre mercados e estratégias de concorrência nos setores de bebidas, alimentos, supermercados, cimento, mineração, petroquímica, farmacêuticos e higiene pessoal". Também prestou apoio a bancos de investimento na avaliação de mercados e negócios específicos nos setores de autopeças, não-ferrosos e agroindústria.

Pernambucano de origem, Luciano Coutinho militou nos movimentos de esquerda em seu tempo de universitário. Aproximou-se na época de José Dirceu, então líder estudantil, e namorou a psicóloga Iara Iavelberg, posteriormente companheira do guerrilheiro Carlos Lamarca e morta em 1971. A afinidade de idéias com Dirceu permanece. O hoje ex-ministro e deputado cassado elogiou a indicação em seu blog e lembrou ter publicado uma longa entrevista sua com o economista logo depois da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

É professor titular de Economia da Unicamp desde 1986. Entre 1974 e 1979, coordenou o departamento de pós-graduação da instituição. É doutor em Economia pela Universidade de Cornell, nos Estados Unidos e exerceu a função de professor visitante nas Universidades do Texas, nos Estados Unidos, e Paris XIII, na França.

Politicamente, o economista vinculou-se a uma ala nacionalista e desenvolvimentista do PMDB, da mesma forma que Celso Furtado (1920-2004), Maria da Conceição Tavares e Luiz Gonzaga Belluzzo, entre outros. Em 1985, assumiu a secretaria-geral do então recém-criado Ministério da Ciência e Tecnologia, onde permaneceu até 1988.

A reserva de mercado para a informática era o principal tema em discussão no ministério, comandado por Renato Archer. Em 1987, o governo Sarney flexibilizou a reserva de mercado, que impedia a concorrência externa aos produtores brasileiros, permitindo com a lei 7.646, conhecida como "lei do software"a livre comercialização e produção de programas de computador. A proteção para produtores de hardware durou até 1991, no governo Collor. Coutinho afastou-se do governo Sarney em 1988, junto com várias outras personalidades que compunham a chamada "ala esquerda" do PMDB. Não voltaria a exercer cargos públicos. Nos anos 90, começou a aproximar-se do PT. Desde o primeiro mandato, integrou a lista de ministeriáveis. Ao BNDES sempre foi atribuído seu mais almejado posto no governo Lula.