Título: Nova chamada de ministros
Autor: Rothenburg, Denise; Abreu, Diego; Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 10/12/2010, Política, p. 6

TRANSIÇÃO Pelo menos mais três titulares de pastas do próximo governo serão anunciados hoje pela presidente eleita, Dilma Rousseff: Fernando Pimentel, Antônio Patriota e Nelson Jobim. Definições seguem até a semana que vem

A presidente eleita, Dilma Rousseff, anuncia hoje pelo menos mais três nomes daqueles que irão compor a sua equipe ministerial: Fernando Pimentel, para o Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Antônio Patriota, para o Ministério de Relações Exteriores; e Nelson Jobim, atual titular da Defesa, que seguirá na pasta. O nome de Jobim ¿ que já havia sido convidado ¿ foi deixado para essa leva por ser considerado da cota pessoal da presidente, mesmo caso dos outros dois ministros desse grupo.

Pimentel, cuja nomeação foi antecipada em primeira mão pelo Correio, almoçou ontem na Granja do Torto com a presidente eleita e permaneceu por lá quase cinco horas tratando de assuntos da sua pasta. Ela também se reuniu com o futuro chefe de Gabinete da Presidência, Giles Carriconde Azevedo, outro nome a ser anunciado oficialmente hoje, o único que não tem status de ministro.

Com esses anúncios, Dilma deixa para a semana que vem o desfecho das negociações com o PT, o PSB e PCdoB. No caso dos comunistas, eles fizeram uma reunião na noite de quarta-feira, em Brasília, que durou mais de quatro horas. Decidiram em bloco pedir a permanência de Orlando Silva no Ministério do Esporte. O PCdoB avalia que a transferência de Silva para a Autoridade Pública Olímpica seria trocar o certo pelo duvidoso. Isso porque o modelo dessa nova instituição pública não está fechado e há restrições de todo tipo. Para completar, ainda tem que ser aprovado pelo Congresso Nacional, pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e pela Câmara Municipal da capital fluminense.

No caso do Congresso, não há prazo para votação da medida provisória. A primeira já caiu porque venceu o seu prazo de validade sem que os parlamentares apreciassem o texto. Sendo assim, o PCdoB não quer trocar alguém que já está engajado no projeto da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 por um nome que ainda demoraria para tomar ritmo.

Complicação O caso do PSB é mais complicado. O senador Antônio Carlos Valadares (SE), como antecipou o Correio, recusou o cargo de ministro da Pequena e Microempresa, que ainda será criado. Ontem, ele foi enfático ao Correio: ¿Nunca disse a ninguém que o ministério é de pequenas empresas e que o PT ficaria com os grandes negócios. Respeito o PT e tenho uma infinidade de amigos lá, uma relação maravilhosa. Mas aceitar esse cargo seria passar a ideia de que ele foi criado apenas para que José Eduardo Dutra, meu amigo, virasse senador. O ministério começaria enfraquecido. Disse isso e o partido entendeu¿, afirmou Valadares.

Ontem à tarde, em Recife, circulou a noticia de que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente do PSB, estaria a caminho de Brasília para fechar a participação dos socialistas no governo. A ideia é indicar o nome de Fernando Bezerra Coelho para a Integração Nacional e o do deputado Márcio França para a Secretaria de Portos. O Ministério da Pequena e Microempresa é que ficaria em aberto.

Se o PSB o recusar, quem se apresentará para ocupar esse posto é o PTB, que até agora está fora das negociações para compor o futuro governo. A bancada apoiou Dilma Rousseff, mas o partido fechou oficialmente com José Serra (PSDB). Falta ainda o anúncio de Mário Negromonte, do PP, para Cidades, que também aguarda a nota oficial da Granja do Torto.