Título: Investigação da PF mostra ligações empresariais
Autor: Pires, Fernanda
Fonte: Valor Econômico, 11/01/2013, Política, p. A7

Pelo menos dois personagens ligados ao ex-senador Gilberto Miranda foram peças centrais na criação da Brasil Terminal Portuário (BTP). O advogado Marco Antonio Martorelli foi procurador da Petrodan, empresa que em janeiro de 2007 teve a razão social alterada para Brasil Terminal Portuário, para a qual passou a atuar como advogado.

Assim como Paulo Vieira, o advogado foi indiciado na Operação Porto Seguro. Ele é apontado pela Polícia Federal como testa de ferro jurídico da máfia que negociava pareceres públicos favoráveis a empresas privadas.

Uma delas é a São Paulo Empreendimentos Portuários, que pretendia instalar um complexo naval na ilha de Bagres, em Santos. O negócio era de suposto interesse de Miranda, que aparece nas gravações da PF tratando com servidores públicos da liberação do projeto. Miranda também foi indiciado. De acordo com a PF, Martorelli atuou em favor de Miranda, que seria o principal interessado na construção do complexo na ilha de Bagres.

O italiano Gianfranco Di Medio, que trabalha para Miranda há 20 anos, também atuou em ambas as empresas. Foi diretor da Petrodan e da BTP, deixando a diretoria financeira da BTP em 2011.

O advogado do ex-senador, Cláudio Pimentel, diz não ter conhecimento de ligação de seu cliente com a BTP. "Ele não se manifestará sobre qualquer assunto que diga respeito a porto ou a empreendimento na Baixada Santista. Apenas em juízo quando for instado a fazê-lo", disse.

A BTP nega qualquer relação com Miranda. Afirma que é uma joint venture entre a Terminal Investment Limited e a APM Terminals, ambas operadoras mundiais de terminais de contêineres. "Os únicos sócios da BTP são os grupos TIL e APM Terminals", diz em nota.

O advogado de Martorelli, José Luiz Macedo, afirmou que "eventual prestação de serviço envolve o sigilo natural e obrigatório da advocacia". A reportagem não conseguiu localizar Di Medio.