Título: País reúne grupos de nações pobres para pressionar EUA
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 25/04/2007, Brasil, p. A4

O Brasil, líder do G-20, intensifica a coordenação com outros grupos em desenvolvimento na Organização Mundial do Comércio (OMC), em meio a articulações generalizadas para quebrar o impasse da negociação agrícola. O embaixador brasileiro Clodoaldo Hugueney, que coordena o G-20, preparou para amanhã uma reunião de alto nível com os grupos africano, o ACP (África, Caribe e Pacifico), do Caricom, das pequenas economias (inclui Bolívia e Cuba), além do "Cotton 4", grupo dos quatro grandes produtores africanos de algodão (Benin, Burkina Faso, Mali e Tchad).

O G-20 e os outros grupos em desenvolvimento têm em comum o combate aos subsídios agrícolas domésticos, o que significa pressão sobre os EUA para aceitarem um corte maior da ajuda a seus agricultores. "Está claro que é necessário haver progressos até junho no G-4", diz Hugueney, em meio à impaciência de outros parceiros, em Genebra.

Sobre acesso ao mercado, a conversa entre países em desenvolvimento é outra, inclusive dentro do próprio G-20. O Paquistão, membro do G-20, do Grupo de Cairns (quer ampla liberalização agrícola) e do G-33 (defensivo na agricultura), apresentará hoje sua proposta numa das questões mais polêmicas da negociação agrícola.

O país propõe um conjunto de indicadores para selecionar "produtos especiais", que serão designados por nações em desenvolvimento para terem corte tarifário menor. O Paquistão propõe que, se a produção doméstica de um produto atende a grande parte do consumo total, merece ser "especial". Mas se grande parte do consumo é coberta por importação, esse produto fica fora da lista. Também sugere incentivos para um país designar menos produtos como "especiais", e em contrapartida cortar menos ainda as tarifas dos poucos selecionados.

Hoje, haverá reunião com o mediador da negociação agrícola, o neozelandês Crawford Falconer, antes que ele submeta na sexta-feira um texto para testar as posições de cada um. Não serão questões aos países, mas análises e provavelmente cenários que possam conduzir a um acordo agrícola final.