Título: DEM e tucanos convergem em CPI mas discordam sobre CPMF
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 25/04/2007, Política, p. A13

Os presidentes do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e do Democratas, deputado Rodrigo Maia (RJ), selaram ontem, em almoço no gabinete do tucano, acordo para que os dois partidos evitem as manifestações públicas de divergências que podem enfraquecer sua atuação conjunta como oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva. A ordem é tentar discutir internamente as críticas mútuas.

Tasso e Maia, que já trocaram muitas farpas pela imprensa, concluíram que os dois partidos poderão estar ou não unidos em 2010, mas que, agora, precisam trabalhar em parceira por questão de sobrevivência. Nas presenças dos líderes do PSDB, Arthur Virgílio (AM), e do DEM, José Agripino (RN), no Senado, decidiram buscar maior aproximação - conversas semanais - e tentar dar mais ênfase às convergências dos que às diferenças entre os parceiros.

Entre as convergências, destacaram a necessidade de trabalho conjunto na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo e a decisão de não votar mais a favor de nenhum pedido do governo de crédito suplementar extraordinário por medida provisória. Dizem que pedido de suplementação só pode ocorrer quando acaba o recurso orçamentário - o que questionam estar havendo no terceiro mês do governo. Quando não conseguirem derrotar uma MP que tratar de crédito extraordinário, pretendem recorrer ao Supremo Tribunal Federal, alegando inconstitucionalidade.

Uma das divergências que tentarão superar refere-se à Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), que o governo pretende prorrogar. O DEM acha que a oposição deve votar contra a prorrogação. Já o PSDB avalia que o governo não pode abrir mão da receita de uma hora para outra. Mas, sabendo que sua posição é minoritária, os democratas tendem a apoiar a proposta dos tucanos para que os recursos arrecadados pela CPMF sejam divididos entre Estados e municípios.

Atualmente, tucanos e democratas têm posições políticas distintas em relação à iniciativa manifestada por Lula de dialogar com a oposição. Tasso, que sempre manifestou a disposição do PSDB de dialogar, esteve no Palácio do Planalto na sexta-feira passada. Maia, repetindo argumento do presidente que o antecedeu no ex-PFL, ex-senador Jorge Bornhausen (SC), acha que diálogo com o governo tem que se dar no Congresso, por meio dos líderes indicados por Lula. Conversar com o presidente, segundo Maia, só com pauta pré-estabelecida e de forma institucional.

Mas, pelo compromisso firmado ontem, cada um respeitará a posição do parceiro. Ir ou não ir ao Planalto deixará de ser criticado. Até por que parlamentares do DEM foram conversar com Lula nos últimos dias, como os senadores Antonio Carlos Magalhães (BA) e Romeu Tuma (SP). "Acho um erro, mas eles foram tratar de questões pessoais", disse. A partir do almoço de ontem, tucanos e democratas tentarão manter as críticas mútuas internamente. Tasso e Maia trocaram farpas durante a campanha presidencial de 2006 por divergirem dos rumos da campanha do candidato a presidente Geraldo Alckmin.